é uma pena não saber rimar

de um bocejo surge a dúvida
onde está você agora?
sinto uma preguiça e nem penso em dormir
aperto alguns botões
conectada no futuro esperado
ainda escuto suas palavras
guardo sabores doces da sua presença
cultivo o seu rastro
vejo uma grande árvore
e me respondo consolada
você é o meu presente

aluguel
contrato de curta duração
ou o quanto der
preciso somente
habitar
pago antecipado
agradeço a atenção
sou limpa
transparente
amigável
posso dividir o espaço
com outras espécies de peixe
pago antecipado
agradeço a atenção
preciso somente de um lugar
sou transparente

Boteco é tudo de bom!

Férias!

preciso arrumar
separar o que não me cabe mais
jogar fora
agrupar o que combina
empilhar
não é uma bagunça
é alguma coisa cheia demais e vazia à beça
um amontoado de tudo quanto é coisa
de todos os tipos,
mas não é bagunça
ali está tudo etiquetado, guardado
quase mofado
agora quero ar mais fresco
uma bebida forte
um beijo quente
uma passo de dança
uma gargalhada dionisíaca
quero chorar debaixo d'água
quero tocar nos seus cabelos
quero correr de olhos fechados
quero passear à noite na floresta
me perder e logo voltar
e de novo e de novo
sem parar
quero girar e gritar
pôr tudo a perder
me perder
não sem vc
com todos os que forem bem vindos
sem medo
sem freio
quero ir
sem dó
quero me jogar
nadar
pular
gozar
cavalgar
queimar
amar
orar
doar
voar

como vem eu não sei
como vai?
foi

domingo é um dia bom pra escrever
eu, que ainda tenho final de semana, sinto o domingo como um ponto entre o antes e o depois, o meio do olho de um furacão, é muita sensação, é esperança, solidão, um dia meio cinza, com sorte verde musgo, tem um gosto estranho, agridoce, uma dorzinha gostosa, uma brisa que não refresca, uma saudade de tudo, uma vontade de nada, mas é só domingo, eu sei, amanhã isso passa, posso chamar o tédio pra tomar um drink, escrevo um pouco qualquer bobagem, me acho ocupada, me canso um pouco e vou deitar

com uma caneta cor de rosa escrevo palavras doces no meu caderno secreto
quando ele estiver completo entregarei à vc na minha imaginação
e seus olhos vão comer minhas letras até sentí-las cítricas
vai lacrimejar
vai engasgar
na minha imaginação vc agora tenta cuspir o que leu no chão do seu quarto escuro
vc não está mais só, eu entranhei na madeira dura que te sustenta
olhando de novo ninguém vê, nem vc, e é só o que queria
estar tão dolorosamente saborosa na sua memória