as palavras aos poucos ressurgem
da máquina de escrever
eu adoro a palavra ferrugem
eu queria ser ruiva
e ouvir o r no ouvido
rosnar para o inimigo
ruir como castelo de areia
perder a veia
ser feia
grande, gorda, cheia
e ter com isso certa e misteriosa beleza
deixar pistas e confundir os caminhos
imprimir qualquer coisa por aí
qualquer noção de mim
e ainda sim ainda sim não saber nada de mim
ainda que ainda que eu quisesse me achar
ainda que você pudesse me ajudar
ainda que isso colorisse a página em branco que voa por qualquer vento
eu me invento aria e ria
borro qualquer desenho, destruo castelo, me arrebento
fico muda, magra e miserável
fico distante e antes que isso fico no meu delicioso silêncio
tão independete quanto falso
eu me apavoro