quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

mãos à obra!

um trânsito interno cósmico astrológico bombástico
uma vontade de estar com meus amores
é cronológico
30 anos
nada de horrores
é lógico!
costuro as linhas da vida só com o pensamento
parabéns pra mim, que estou viva até hoje!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

tic- tac: que feio é escrito, o barulho das horas passando

os sistemas já não são os mesmos e as palavras criptografadas não podem dizer nada. investigo uma ruga no espelho enquanto novamente me esforço por pelo menos uma palavra que faria sentido; se pudesse ser fotografada. as palavras criptografadas não querem dizer nada.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

memória

das contas que já diminui agora só faltam alguns poucos saldos
dados das lágrimas que bebi
momentos que eternizei
fome do amor
de um tanto de dinheiro
de merda nenhuma
fome de mim
de porra nenhuma
de vc
de nós dois
roendo unha
palavras
solidão
medo
choro e sonho
equecidos
como as queixas de depois

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

a sociedade, o verão, a paixão, a merda e a rotina

A rotina e a História
VERISSIMO
O GLOBO - 09/12/10

Nada me impressionou mais no relato que li, certa vez, sobre os últimos dias da Segunda Guerra Mundial na Europa do que saber que, enquanto as tropas russas entravam em Berlim, em algumas zonas da cidade o leite continuava a ser entregue, os carteiros continuavam a fazer suas rondas, a vida “normal” seguia seu curso. Não sei se achei isso admirável – o poder de resistência ao caos do banal e do cotidiano – ou um exemplo assustador da rotina desconsiderando a História. Viver “normalmente” num mundo em conflito permanente entre riqueza e miséria, privilégio e exclusão, progresso e atraso é a experiencia comum de todo o mundo. Isto inclui os desenvolvidos e os sub, inclui todos sem exceção – a não ser, talvez, os escandinavos. Mas mantemos nossas rotinas mesmo sabendo dos bilhões de despossuídos da Terra, incluindo os que vemos pelas nossas janelas. Fazer o quê? Sentimos muito, nos indignamos, votamos em quem promete melhorar a situação pelo menos na nossa vizinhança, mas nossas vidas têm que seguir seu curso. Como em Berlim, o conflito está acontecendo longe do nosso cotidiano. Mas às vezes – como no Rio – o conflito invade o cotidiano. A rotina é abalroada pela História. Nosso dia-a-dia não é mais refúgio nem álibi e somos obrigados a enfrentar a realidade.
Além das características peculiares do confronto que o incendiou – o trafico, a polícia, as milícias, os políticos, uma velha História tipicamente brasileira –, o Rio serve como um microcosmo das divisões sociais, raciais e econômicas do mundo, apenas complicado pela
sua geografia nada comum. Discute-se quais seriam as piores favelas do mundo – dizem que as do Haiti e da África do Sul disputariam a medalha de latão – mas todas as favelas são iguais no que elas representam de descaso de um lado e de ameaça do outro. Antigamente, quando quem morava nos morros do Rio vivia pertinho do céu e arma de bandido era navalha, já se falava no que aconteceria quando os morros “descessem”.
O temor, explícito ou implícito, é de todo o mundo. Mas enquanto a invasão não vem, ou só vem de vez em quando, a rotina prevalece e a vida segue seu curso.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

paixão segundo o fim do ano


aqui no Brasil é verão
rascunhar caminhos com o clima abafado
banhar onde ainda se vê o chão
não muda minha situação
aperto os olhos e olha o que me acontece
vejo a ponta de um iceberg brilhando no infinito
e derreto de paixão se enrosco contigo
perfeito segredo
perigo
carnificina
na Rocinha
na cozinha
carnes na Prainha
torrando ao sol e sal
evaporando, morrendo, correndo
só esperando o Carnaval
o tempo que voa, pára
a chuva que lava, leva
o peito que bate, dói
a pele que clica, manda
então eu digo: paz e amor
suor e frescor!
dedo do foda-se pra vc!
eu sou muito mais malandra!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

quase leve

me acontece uma solidão gostosa e rara quando a chuva forte do verão disfarça o meu silêncio que no mais silêncio é só a minha música! tempo, vento dentro e gosto de mim aqui, assim... uma lembrança recente. fade out da nossa última cena de beijo, escurece, cai o pano, quebra, arde quente, quente.
quente
se sente.

tão selvagem a coragem...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

contribuição de um amigo poeta para esse blog:



Não se esconda atrás do espelho
Não se prenda na moldura
eu lhe imploro de joelhos
seu amor é minha cura
Não prenda seus cabelos
nem apague esse sorriso
esse samba é meu apelo
seu amor é o que preciso
Não feche as cortinas
nem cale a sua voz
A chuva que canta aqui na esquina
traz água nova pra sua foz

domingo, 24 de outubro de 2010

sempre que eu tento, não adianta!

trocou as sapatilhas de balé pelos coturnos
sem clair de lune
no noturnos
se foi
foi?
foram-se indo todos aqueles
e mais os que virão já verão amores
nomes
cores
sabores
dores

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Caracteriza-se a Demência quando, em um indivíduo que teve o desenvolvimento intelectual normal, ocorre a perda ou diminuição da capacidade cognitiva de forma parcial ou completa, permanente ou momentânea e esporádica. Dentre as causas potencialmente reversíveis estão disfunções metabólicas, endócrinas e hidroeletrolíticas, quadros infecciosos, déficits nutricionais e distúrbios psiquiátricos, como a depressão (pseudodemência depressiva) e amor.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PEÇA MULHERES DE CAIO ESTREIA ESSA SEMANA!

IBAM CULTURAL: LARGO DO IBAM N1, HUMAITÁ, EM FRENTE AO RESTAURANTE À MINEIRA
ESTACIONAMENTO GRATUITO
INGRESSOS
20,00 INTEIRA
10,00 ESTUDANTES, IDOSOS E CLASSE

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

não deu pra ler. aqui, agora, assim, não.
pingou uma gota.
secou.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sozinha

enquanto ela não vem, disse que chegaria em pouco tempo, pediu confiança que voltará, voltará, nenhuma sensação de sua aproximação, isso me angustia e o tempo, remédio pra tudo, dizem, voando e enquanto isso eu vou me virando, me contorcendo pra caber nas horas do dia e nas tarefas que me proponho sem causar escândalo, eu aqui sozinha com essa vontade louca de chorar e não conseguindo, apertando a garganta cheia de tosse, sem dormir, louca pra atravessar os dias sem ela só no sonho, rouca e velha e quase sem ilusões, e cínica, ainda espero, tomando xarope, fumando cigarro, caindo pelos cantos, cheia de vergonha da minha cara de abandonada. já viu gente abandonada? é feio, é triste... tão triste... o olhar fica meio parado numa expressão estranha. o olhar procura longe, não foca em nada mais perto, fica vago, perdido, cansado, sem brilho.... é triste e sem fim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

VEM QUE TEM! FESTA DIA 27/08!!!!

AS MULHERES DE CAIO SÃO:
BRUNA SPÍNOLA
CAROL FAZU
JOANA GERVAIS
LINN JARDIM
LARISSA SARMENTO
PATRÍCIA ELYZARDO
RHAVINE CHRISPIM
E EU!!!!
VENHAM!!!!!!!!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

PROCURA-SE MULHER-MOSTRA


AVISO:
A mulher- monstra que quase nunca sai para brincar, hoje foi vista solta pelas ruas de Botafogo. Por descuido no forte esquema de segurança que a mantém separada do mundo real, ela fugiu e sozinha ameaça a paz de toda a cidade. Geralmente assusta e faz confusão, ninguém controla a sua estranha pulsão. Portanto, atenção!

RETRATO DA CRIATURA:
Tem um pau enorme que pode comer o mundo e fazer sangrar até o mais crente de valentia, uma corcunda profunda, inofensiva e grotesca. Usa um rabo de cavalo bem alto, dá golpes com o cabelo, já cegou muita gente desavisada por aí. Passos ligeiros, pernas abertas alertas e quadril de fêmea no cio. Grita quando se irrita, levanta a mão/pata com os dedos abertos para acariciar ou mais uma vez golpear o inimigo, sem aviso!

TODA A COMUNIDADE DEVE FICAR ALERTA!

PONTO FRACO: gentileza

CUIDADO: parece humana. além da corcunda profunda, pode ser identificada pela alta estatura, cabelos muito negros e longos. olhos igualmente negros, grandes, selvagens e pele macia, de um brilho incomum.

RECOMPENSA: uma vida inteira minha de gratidão e... podemos negociar outras formas de pagamento.

ilustrações Robert Crumb

humano demasiado humano slava's snowshown

com nenhuma palavra, Slava's SS encena o que o homem tem de mais inocente e de mais complexo . como? muito estudo, muito amor, muito esforço, e enfim... 30 anos depois, a descoberta da perfeita matemática cênica! uma equação misteriosa com fatores como precisão e simplicidade de alto quilate... aula!

domingo, 1 de agosto de 2010

DOIDO!


quero falar de sangue, suor, lágrimas e quem sabe até de vômito, não me levem a mal, nem a bem, mas é que às vezes me sinto assim...tão.... e não tem nada a ver com você nem com a tv! tem a ver sim com o que em mim não está quieto. não deixe quieto, não deixo, fique esperto! corda bamba, vida loka! me socorra! eu não posso nem fugir, muito menos mentir. nunca mais! encare com caráter encare com garra, e largue, larga toda essa máscara! em cena na vida real com muita cara de pau diga ao seu destino que fuja de você porque nem ele sabe de onde vem e pra onde vai, vontade de sinceridade. vontade de crueldade. gargalhada na porta do teatro. elias andreato hoje me catucou na peça DOIDO. último dia em cartaz aqui no Rio hoje!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

encomenda

essa postagem é uma obrigação. crônica, relato, não sei de que forma, mas preciso cumprir uma promessa que fiz pra mim mesma. escrever a qualquer custo sobre o meu dia! venha o que vier, respeito, respeitem. sei que vai ter gente aí rebaixando esse texto a um simples registro tipo aqueles escritos em diários de adolescentes. o negócio é que de repente hoje tudo foi muito diferente. e eu podia ter ficado irritada com isso, pois planejar um dia é raro e preciso. nada aconteceu de mais nem de menos. a culpa é metade minha, metade do acaso. eu, por adorar fantasiar e dramatizar detalhes bobos que qualquer um nem notaria. o acaso, como lua cheia que rouba a cena em noites especiais, hoje resolveu solar em boca de cena. foi mesmo um dia, no final das contas, cheio! até piolho catei na meia arrastão que prendia a cada movimento que fazia, entende? piolho! piolho pipoca e meia arrastão prende em tudo! e faz tac tac! e com o mesmo jeito de tirar piolho eu desprendia a meia pra continuar andando pelas ruas da Tijuca, de Botafogo, do Catete, de Copa e de Laranjeiras também. por todos esse lugares orelha em pé, como de cão de guarda. tão curioso estava o som da cidade e as músicas que me cruzaram. até trilha sonora! eu sou uma personagem, sempre que quero e quando menos espero. na fila morta da Vivo não pude dançar, pois me confundi com tantos ritmos. samba ou jazz? bossa nova? rock, tango, bolero, forró, fado engasgado e ódio nos olhos saltados. suspiro me viro e repito três vezes: vou dar uma volta, vou dar uma volta, vou dar uma volta. vou ver a cidade, vou sozinha sem amizade. não decorei nunca o número nem do mais importante dos amigos, sozinha. impossível! eu dou três passos e logo escuto meu nome bem alto numa exclamação tão bem vinda! eu nem me assustei, sorri! vem, vamos ali tomar um café? sim. vamos ler um pouco? sim. e fazer uma hora pra ir ao teatro? sim. vamos trocar figurinhas, letras e segredos? sim! sem pressa melhor ainda. com adoçante e cigarro, dorittos e sprite light. bom, tudo numa desordem só. sem linha cronológica, por favor. então agora eu volto ao momento em que entro novamente no meu carro e ligo o rádio que ainda está na mesma estação de antes, tocando a mesma música de antes, ainda no refrão, só que horas depois! horas e por mais de 20 minutos apenas o refrão continuou tocando! estranho, realmente um detalhe estranho. muitas hipóteses, mas a primeira claro foi a mais ego trip de todas. quis achar que era um recado pra mim! pra mim, com certeza! tocava girl you gotta love your man, the doors. eu balançava a cabeça curtindo aquilo, concordando com aquilo até que me enchi o saco, rindo de mim que não trocava de estação mesmo assim. 91.5, alguém conhece? não era pra mim porra nenhuma. o dj e locutor morreu em plena transmissão e o corpo caiu pra frente, onde fica a vitrola. ninguém percebeu? só eu? ai coitado! morto e esquecido! morreu de que? se matou? foi assassinado? a sua mulher, sua amante, sua ex, quem era a louca que o matara com unhadas profundamente cravadas na jugular? a de unha maior e mais afiada, uma arma pintada de vermelho doce inferno. será que foi o sangue que fez o disco tocar sempre a mesma parte da música ou será que a louca depois do crime cometido ainda teve a frieza de esolher a trilha sonora e ainda por cima mixada?! é almodóvar? é filme? é nada! é imaginação. imagem, ação, imaginerie, simulacro, invenção, fantasia, desejo de metafísica, sei lá..... buenas noches!

domingo, 18 de julho de 2010

hoje eu vou postar até o meu dedo cansar, vou gastar do único jeito que me resta! vou gritar com os teclados prateados do meu mac maltratato, vou cuspir nos olhos de alguém uma hora dessas esse tanto de palavra molhada do esforço em querer dizer o que desorganizado tem me incomodado tanto. tecla, tal, talco, tara, tico, teco, tiara, teco, tive, toma, tá nada, sou nada, tapada, tá fudida! tsc, tilte, titanic, tiramissu silvestre derretido na memória. agora já está melada a confusão!

muito estranho

às vezes penso que engoli um demônio e não fiz a digestão...
minha tia disse que é normal, mulheres intensas são assim. minha tia nunca sentiu nas entranhas isso que eu sinto. ela mesma me confessou que sabia que a vida podia ser bem pior, mas preferia sentir as coisas com mais leveza. perguntei como fazia para preferir e conseguir o que prefere. ela ficou calada e com um semblante muito doce simplesmente inclinou a cabeça para cima e ainda calada suspirou com os olhos brilhando. sei que ela não viu nada e eu fiquei sem resposta. pouco antes da sua morte, eu voltei nesse assunto porque sempre pensei que quando a pessoa sabe que vai morrer parece que vê a vida com mais clareza. ela mais uma vez calada. que coisa! muda não era e ainda tinha uma certa força para abrir a boca e deixar escapar algumas palavras. balbuciaria, imaginei com ansiedade me queimando o demônio, alguma dica, sei lá... nada, nada. não disse nada, nem olhou para cima. olhou para mim com um olhar muito estranho. metade pena, metade inveja.

entre os fios quebrados finos aos meus olhos cortados estranhos sem pausa com pressa para nada capto ca ca ca beça capta piolho no olho de quem vê balançar a cabeleira de finos fios ca castanhos dançantes movimento estética solidão brilho e algo de sexual escondido ainda mais dentro do emaranhado desesperado pára

próxima
amanhã
eu não sei
3
tarde

segunda-feira, 28 de junho de 2010

é natural qualquer coisa

dói ter vontade de fazer xixi e não poder

sábado, 26 de junho de 2010

o pesadelo da boneca russa no inverno



miudinho como uma ervilha. dentro bem dentro e quase sem espaço ainda bate nas paredes de dentro do dentro da membrana que separa da outra parte. e do lado de fora mais um ou seria uma cápsula que guarda outras cápsulas de amor escondido? e dentro do dentro e do lado de fora, duplamente cheio de faces surgem as ervilhas cada vez maiores até chegar ao tamanho de um coração humano de gente adulta. no frio da solidão, tremendo de medo. só se despe no desespero e só morre no fim. o que é o que é? é o pesadelo da boneca russa no inverno!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

para não pecar contra a própria vida

Dizem que a primeira palavra que falei foi Deus? Dizem...
É claro que eu tentei falar pa-pai, mas antes mesmo foi Deus, dizem...eu acredito.
Fui criada por duas tias carolas que chamavam por Deus? o tempo todo. Para tudo era Deus? Eu escrevo e falo Deus? sempre com interrogação no final, perceberam? Descobri. É assim que se deve falar com Ele! Comecei interrogando para me certificar de que Ele estava me escutando e continuo pq passei a duvidar da sua existência. Titias se fossem vivas não iam entender esse meu jeito de pensar. Não importa, pois mesmo assim eu me sinto muito bem e ainda faço as minhas orações diariamente. Antes de dormir ou quando fico nervosa e isso pode acontecer a qualquer hora do dia e da noite. Acontece mais à noite, quando estou sozinha em casa e o escuro me engole. Junto as mãos na maior das fés e chamo Deus? E acho que ele não me escuta e chamo mais uma vez Deus? E Grito Deus? Bem alto e com o grito vem o choro forte, depois o silêncio, a calma e então consigo dormir. Sonho com Ele me ninando e acordo acreditando de novo. Durante o dia eu preciso fazer isso algumas vezes. É muito importante não desistir de Deus? Só assim a gente consegue ir até o final.

terça-feira, 22 de junho de 2010

praia de areia fina e branca, muito branca. casas cortadas ao meio, feridas e abandonadas. todas enormes e de estrutura negra. som de esqueleto cortando o vento. pequenos bichos mortos, peludos como tapeçaria de luxo e um mar de gente muda e desconhecida enquanto ainda sorri. caminha, sente o vento nos cabelos. a saia do vestido dança, faz um desenho bonito borrado de flores amarelas e vermelhas. cachorros de pêlos pretos deitados, ou mortos. carrinhos de bebês, babás invisíveis, bancos sujos, choros abafados, sacadas verdes, praça de concreto. olhares vazios, sorrisos montados, falsa tranquilidade. bananeiras, palmeiras e coqueiros. enormes janelas pro nada, panos brancos, cheiro de queimado. já sem fogo, td ali já havia acabado, mas ainda assim uma vida estranha, além do verde sobrevivente do alto do coqueiro, pulsava silenciosa como respiração contida. côco queimado, côco seco. boca seca, nariz seco, td cansa e o azul marinho do mar mais distante. pensou: foi feito pra não alcançar, só pra sonhar.

domingo, 6 de junho de 2010

mil por hora

se o coração aguenta então vá em frente!
quando a perna é forte não há medo que a faça TREMER

corraaaaaaaaaaa!!!!!

é bonito quando no meio do caos o tempo desacelera e as cores vibram
esse movimento é poesia que invade apesar dos poros entupidos pela vida que te exige ser prático

chega uma hora que você só tem que dizer sim ou não, mas as escolhas são infinitas

quem sabe?

não falo só do amor, falo do tempo e do espaço
e de variantes e variáveis

mente precisando meditar

corpo rígido do frio

ai domingo, vai passar

e é mesmo necessário ser super humano

ou se fuder

escolas de malandragem, frequentei sim

buda, jesus, freud, ossanha, chico buarque, clarice lispector e incenso

caio fernando abreu

sou uma mulher
sou uma mulher?

quantas ainda cabem aqui dentro?

e assim seguem os dias
e eu me perguntando

quizás, quizás, quizás
laralaralaralaaaaaa
la la la la la la la

vou me casar
já mandei fazer o vestido!

terça-feira, 1 de junho de 2010

boneca russa de tpm


colorida, bem vestida e com cara de saudável eu caibo dentro de mim e dentro de mim cabem mais várias de mim. uma menor que a outra, encolhidas, como cabem! primeiro eu, depois uma outra eu e depois outra e mais outras infinitas. bem de dentro de mim brota um monte de mim, um monte de eu, de coisas. cada uma com uma cara muito minha, máscara atrás de máscara. uma, depois a outra e depois a outra. de dentro pra fora e de fora pra dentro. são muitas de mim enfileiradas esperando a hora de atuar ou de correr pra trás de alguma pra se esconder do mundo. com a boca roxa de frio uma das bonecas quer saber se tem chocolate quente e cremoso agora. tem?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

é o pente! até o presidente!



não tenho olhos pra encontrar o buraco da agulha, a linha solta voa, some e se confunde com meus cabelos brancos que já nascem sem eu perceber. também não tenho olhos para ver as marcas do tempo na minha cara pálida, cara de pau, cara à tapa, carão, cara dura, caraca! no som do pancadão, vou rebolando até o chão, saindo de mansinho eu caio na contradição, é meu irmão, é a lei do proibidão, ão, ão, ão, NÃO, NÃO, NÃO! fui interrompida pela gritaria do funk aqui na esquina. me avisa só onde eu posso botar com raiva!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

tem jeito não

conte uma mentira
é rapidinho
e leve uma bolacha
mas de chocolate
late, cachorro bobo!
você também late
na unha meta é mate
côco ralado, bote mais!
capriche no rebolado
é bom mermo
misture tudo assim
ande rápido, menina
aí que agonia!
tire isso de mim!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

morte ou pela passagem de uma grande dor


tudo está sempre morrendo.
não sei até quanto eu posso guardar do que passa forte por mim, mas alguns momentos já nascem eternos
choro muito pela beleza do amor
pela tristeza
pela certeza da dor,
não queria nem que a morte pudesse parar o amor
pra onde vai o amor quando ele acaba? acaba o amor? morre o amor?
explode no ar em cores lindas e se transforma em lembrança de quem? ou vai morrendo aos poucos deixando só um rastro, só uma música de fundo dedilhada em que espaço? em que tempo?
luto
é tão grande a sensação de solidão quando um amor acaba
e quando ele nasce
e quando ele acontece
não se pode amar como antes
eu odeio o amor
imagens em câmera lenta e retratos cortados dançando gymnopedie
tudo isso na minha cabeça e meu corpo todo doendo de desamparo
sou grande demais pra caber no colo de alguém, adulta demais pra assumir que não sei nada da vida, burguesa demais por achar tão importante falar de amor?
dói
e se eu morresse?
e se vc morresse? já pensou?
e se já morremos?

lembremos dos nós dos nossos corpos nús
das danças e dos gritos no ouvido
das gargalhadas e conversas mais complicadas
das manhãs e noites seguidas de nossas companhias, tempo curto da vida em que pensamos que solidão não existiria

segunda-feira, 10 de maio de 2010

lago negro

qualquer coisa quando cai, mesmo aparentemente não rachando, se machuca
qualquer choro que não sai quando vem é bem vindo
gosto de rir de mim mesma depois que uma gota transborda meu pote de água negra
ao contrário do que penso, faço e depois calculo
por mais que eu tente, sempre é um mergulho
cheiro flores no escuro como Ofélia faria apaixonada
depois a correnteza lava e a miséria da alma acaba
perto do que me dói, apenas eu e minhas infâncias roubadas
uma lista interminável de imagens
me perseguem quando estou assim tão, tão, sei lá
me deixa
me deixa
porque se não me deixar eu não deixo e não tem mais jeito
viagem no cartão de crédito
bilhete de despedida
roupas velhas na mala
promessas de vida
me deixa
tpm é uma merda
ela faz que não vem
mês a mês joga meu humor no lixo
e logo volto podre para a superfície
preciso parar de gastar moedas nas fontes de pedidos!

domingo, 9 de maio de 2010

dizem que sou louca por eu ser assim...


me perguntava muitas vezes ao dia
me perguntavam em silêncio muitas vezes ao dia
sou uma idiota?
procurei o significado da palavra no dicionário antes de finalmente tentar me responder.
eu realmente fiquei encucada e queria uma resposta bem pensada, para que meu próprio julgamento fosse ao máximo justo. uma vez idiota, sempre idiota e isso é uma marca profunda na personalidade de uma pessoa, penso. bom, encontrei o seguinte:
IDIOTA: que ou quem é pouco inteligente: tolo, estúpido, imbecil.
e tarde chegou o momento de confrontar meu ego e supergo numa discussão difícil, mas eles acabaram concordando. Pois sim, sou uma idiota e vá com Deus. Eu vou!
às vezes é melhor não aprender, olhar pra vida como se tudo fosse inédito,
ser virgem de novo, ingênua e não usar disfarces, atenta ao vento, tolinha, tadinha... felizinha!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

como vc se sente?

ela ficou louca, é o que todos dizem.
superficialmente, claro, é o que podem dizer.
tão linda e louca, Betty Blue da zona sul.
corta os cabelos toda semana, pinta de 15 em 15, rói as unhas sistematicamente enquanto tenta colar as postiças na carne viva.
rasga a meia-calça pra fazer um estilo diferente, ri das próprias invenções.
escreve seu nome com os dedos na poeira dos carros
atende o telefone com bom humor e quando desliga quer matar quem ligou!
faz compras somente do que não precisa
beija somente os que não a cativam
finge orgasmos
multiplica suas gargalhadas em ecos de estranha felicidade
bebe diariamente, de refrigerante a detergente
varre toda a cidade!
dorme quando consegue, sempre tem algo a fazer
e nada importante
liga pra mãe chorando, depois diz que é saudade dos tempos de antes
consegue um trabalho aqui e ali, no caminho pinta correndo a boca de vermelho alaranjado, borrado
gasta tudo que ganha com cigarros, bebida e idas ao cinema
nunca teve carteira de estudante
se lambuza de algum doce delirante, uma vez na semana
vomita várias vezes por semana
vê caras e lê veja nas bancas das esquinas, assim sabe de tudo o que acontece no mundo todo e pode conversar com estranhos sobre as notícias mais quentes, superficialmente, claro.
comenta também sobre o tempo e o quanto as fulanas emagreceram ou engordaram
com o passar do tempo
o tempo, sempre o tempo!
sonha com um grande amor
acorda desesperada
liga o rádio escuta Amy e dança Gaga
quer ser a Beyonce, mas a bunda faz tempo não anda lá essas coisas, ela sabe
e vai levando
o tempo passando e ela com a mesma mania de garota colorida
cada unha de uma cor, tem vez...
as unhas, sempre as unhas!
sapatos vermelhos
sempre vermelhos!
lenços e laços estampados
e o tempo
tá chuvoso
mas guarda-chuva, ela não tem
vive molhada, quando não chove se taca no mar pra tentar se afogar
mas não consegue, ela vai levando, assim como pode
sozinha, tadinha.... maluquinha!

domingo, 25 de abril de 2010

dor e cansaço para que algo aconteça
e de novo e de novo
quem vem primeiro a galinha ou o ovo?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

encaramujando

nóssóasóssónóssemosnós
..............................................navegando
porque nascemos
mas não queremos..............................
duvideodósemdónemnó
........................................deitar na grama verdinha
encaramujando juntinho

segunda-feira, 5 de abril de 2010

renda-se

certas coisas são inevitáveis como a dança das janelas abrindo e fechando ao som de vento forte

domingo, 4 de abril de 2010

utdo é ciçfão, mneos a dro.

O título dessa postagem é uma frase de Jô Bilac: "Tudo é ficção, menos a dor." A cena é uma narração em primeira pessoa que começa assim: ontem passei na esquina de casa e vi uma mulher pendurada no orelhão. ela tinha os olhos borrados de maquiagem preta, a cara suada, o cabelo louco, o salto torto (metade na calçada metade no asfalto), tornozelo torto, sujo, decote torto, sorriso torto, dizendo pau sa da men te entre espumas brancas:
- sabe, já não espero mais as flores, o cartão postal nem sequer as lembraças por elas mesmas. eu sei, bebi demais. 12 horas de porrrrre, é bom! agora basta comer um macarrãozzzinhosozinha em casa, novela na tv olhando nos olhos do thiago laceerrda. sabe, eu não espero mais uma comidinha feita com essspeciarias e malandragens que vc me prometeu. faz tempo perdi o paladar pra coisas que eu não provei. tá td calmo... é como eu te falei uma vez na casa da sua mãe: quem nasce bem como eu não aceita qualquer coisa! lembra ou não lembra? nãaao lemmbra. agora vai dizer que não leemmbra! então, escuta! quem nasce bem como eu não aceita qualquer porcaria! entendeu? mas eu tô trabvallhanndo o desapego, o zen, o amor próprio e ao próximo tudo assim juntinho, é difícil, mas eu ttôo no caminho, eu vou me adaptando, sabe como? thô calllma! eu tô ficando velha e idiota, é isso, vc tem rrrazzzão! tem rrrazão! eu não disse que vc disse isso eu é que disse que eu acho que vc acha isso de mim. eu não tô exaggeranndo não, tá!? vc acha isso sim eu sei que acha, mas tá td bem, td certo entre nós, enfim concccorrrdamos! eu sou velha e idgiota!
bateu o telefone na cara do sujeito, depois das últimas e conclusivas palavras arrastadas e sumiu na multidão. para observar essa cena até o final eu tive que disfarçar a minha curiosidade. primeiro fingi estar conversando ao celular, depois ajeitando o cadarso do tênis na beira da calçada, também toda torta quase com a outra metade do pé no asfalto, bem ao lado da sandália de plástico da mulher descontrolada. ela devia ter uns 30 anos. toda torta da vida. sem saber pra onde ir de tanta birita, coitada! aquela mulher fazia gestos monumentais, ela era um espetáculo e isso td é invenção!

domingo, 28 de março de 2010




errei o caminho de casa outra vez enquanto pensava que tudo se parece com tudo. tudo se parece com tudo e com nada ao mesmo tempo. queria dizer isso a um desconhecido, que não me julgaria demais. na minha solidão de agora só cabe mesmo alguém que nada sabe de mim. alguém que não me fez nada de bom nem de ruim. acho que não! acho que tudo se parece com o que é, quando conseguimos perceber algum sentido, mas hoje não. algumas pessoas vivem assim a vida inteira. e assim passam os anos tentando tantas coisas, errando tantos caminhos. eu vi um filme hoje que parecia a minha vida, que parecia.

O AMOR:

o céu vai cair em gotas pesadas na minha testa preocupada. o vento vai sacudir as minhas idéias embaraçadas, as minhas tranças de princesa apodrecida, mas não vai ser capaz de levar para longe o mau cheiro das feridas. nem a chuva vai lavar coisa alguma, por mais que eu me faça de esquecida.

quarta-feira, 24 de março de 2010


PAREM DE LER O MEU BLOG, PROCUREM MAIAKOVSKI!

terça-feira, 9 de março de 2010

evasivas meias palavras

uhum... aham... é... não, não. não sei. uhum, é, tá, tá. tá bom... então tá bom, tá bom, tá. tchau!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

AGRESTE MALVAROSA

Texto espetacular de Newton Moreno
com direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, do AMOK
música linda de Beto Lemos
em cena duas jovens atrizes Millene Ramalho e Rita Elmôr, inteiras fazem as palavras de Newton ficarem ainda mais bonitas e reais
no Teatro do Jockey, até 14 de março!!!!
sente logo na primeira fileira e olhe bem fundo nos olhos das atrizes, como uma criança que acredita nas histórias bem contadas, fui ao agreste e vivi com elas a beleza do amor, a agonia da ignorância, a dor da morte, a graça das descobertas. é uma peça delicada como a malva rosa, planta usada por curandeiros de flor exuberante e cultivada sob sol pleno

sábado, 20 de fevereiro de 2010

ressaca

finalmente sinto a solidão que ninguém nunca poderá tirar de mim! absoluta, bruta e definitiva. agradeço a sinceridade desse momento, que é a única testemunha e a única que não vai tentar me fazer acreditar em outra possibilidade para mim nessa vida. já estava na hora, quando o carnaval acaba. abri a porta, dei de cara com ela e não teve bloco pra disfarçar, é mentira! hoje brincou o bobo. entrei em casa com o rabo entre as pernas assumindo que acabou a fantasia.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MULHERES DE CAIO: META-CARTA

Querido,
quanto tempo não ouço a sua voz de veludo pesado! Veludo do bom, grosso e macio que me esquentava nas tardes cinzas de inverno. Aquelas tardes em que não nos encontramos naquela praça abandonda no meio de uma cidade invisível, espaço entre o nada e o lugar nenhum, onde coube por um tempo a cabaninha secreta do nosso amor mágico. Truque: saiu agora da minha cabeça essa palavra e é mesmo como um truque que alguma coisa que era fundamental desapareceu deixando a marca da lágrima eternizada na cara do palhaço. Então, meu muito querido, essa carta é de alforria, desplugo agora nossa sintonia! Querido querido, me perdoe por eu ser quem sou, me perdôo por ter te amado demais, te perdôo por tudo o que for preciso perdoar. Fechamos a conta assim com tudo combinado e quitado! Eu realmente espero que você entenda os meus motivos escondidos e que não pense que estou maluca. Que essa carta chegue ao seu endereço, mas isso não depende só de mim...
Um beijo com desgosto carinhoso de quem sempre vai te esperar voltar das cinzas tardes esquecidas na memória, das manhãs dos sonhos mais coloridos, bem do fundo da minha mais ingênua ilusão, das paisagens mais lindas das florestas mais densas, de algum lugar... e aí eu vou querer te dizer um texto que eu li uma vez e que me fez lembrar muito de nós dois. Com cuidado, palavra por palavra, bem articulada, vou te dizer cada uma delas com os lábios tensos que seguram o choro:


"SABE QUE O MEU GOSTAR POR VOCÊ CHEGOU A SER AMOR, POIS SE EU ME COMOVIA VENDO VOCÊ POIS SE EU ACORDAVA NO MEIO DA NOITE SÓ PRA VER VOCÊ DORMINDO MEUS DEUS COMO VOCÊ ME DOÍA VEZENQUANDO EU VOU FICAR ESPERANDO VOCÊ NUMA TARDE CINZA DE INVERNO BEM NO MEIO DUMA PRAÇA ENTÃO OS MEUS BRAÇOS NÃO VÃO SER SUFICIENTES PARA ABRAÇAR VOCÊ E A MINHA VOZ VAI QUERER DIZER TANTA MAS TANTA COISA QUE EU VOU FICAR CALADA UM TEMPO ENORME SÓ OLHANDO VOCÊ SEM DIZER NADA SÓ OLHANDO OLHANDO E PENSANDO MEU DEUS AH MEU DEUS COMO VOCÊ ME DÓI VEZENQUANDO" Caio Fernando Abreu, no conto Harriett

sábado, 6 de fevereiro de 2010

vem que eu tô aqui!

me dou conta de que não sei voltar pra casa quando não reconheço por onde passo. nem as ruas, nem as casas, nem a cor e o cheiro da praça. nada, nada. é sempre uma certeza furada, pegar a estrada.
o verão tem dessas coisas, o corpo sempre em movimento, paixão, um tormento! se saio pra pescar, logo quero ancorar. se como demais, vomito. se beijo de menos, choro. se danço demais, lasco o pé. se chove, me molha. se choro, nem noto. mas em nenhum momento perco o ritmo, ainda vou fundar o meu bloco! vc vem comigo?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

prometo todos os dias amar e respeitar, regar e deixar crescer toda palavra que me acontecer
toda minha fidelidade e dedicação estarão sempre entre nós
que assim seja feita a minha vontade
em todos os momentos de solidão que essa dor se faça menor porque tenho como me socorrer
e que o milagre da multiplicação se realize no momento em que pelo menos uma pessoa possa me entender
que, enfim, eu seja feliz para sempre enquanto tiver onde escrever

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

pra mim?

"ele bruto, ela leveza
ele cor e tinta, ela palavra e expressão
ele aprendiz, ela também, dois mestres...
ela se deixa beijar, ele não conhecia lábios tão macios.
ela convida, ele vai, eles fazem amor
ele nem sabia que homens tinham orgasmos múltiplos
ela suspira, ele derrama uma garrafa d´água nos corpos já molhados.
ela fica mais bonita ainda com o tempo
ele deixa o tempo conduzí-la...
ele comete a loucura de escrever essas palavras em um bilhete, mas queria escrever novamente com chocolate naquele corpo de leite"

o vento trouxe um pedaço de papel rasgado e nele as palavras de um homem que gostaria de conhecer. mexeu comigo. agora ando por aí toda prosa procurando quem é esse que me quer. agora eu sou essa mulher.

domingo, 31 de janeiro de 2010

ando correndo pelas ruas
ando sem pressa de chegar
ando é com medo de ficar

(sozinha, velha, presa, gorda, esquecida, machucada, triste, pirada) - esse é o meu pensamento melancólico

medo de cruzar com gente má
coragem pra olhar no olho e desarmar

com a cara fechada
e os dentes trincados
seguro o guara-chuva como um porrete
dou passos largos
invento logo um cacoete
ando como um macho
do peito estufado
e bigode suado
intimido o inimigo
que inveja do Rio Antigo, heim meu amigo Chico?!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

agradecimento

Hoje quero lembrar de todos que me fazem feliz, são tantos nomes, tantos rostos, pessoas tão diferentes de tantos cantos que estão sempre presentes. tantos mares, marés, gente da França, meus pais, meu pai herói, minha mãe rainha, minha família, irmãos de sangue, de fé, de luta, de consideração, tem até uma gêmea univitelina da cor do pecado, ah outra gêmea, mas essa é a Tieta do Agreste e eu a Gabriela Cravo e Canela da canela grossa, gente de Minas, São Paulo, Bahia, gente do Leblon, uma dona estilosa bem conhecida por lá. Cleópatra, rainha de São Gonça. Boliviano, Catunga, Magalhães, Peu que é da Bahia, de Minas, do Rio e agora do mundo. Brasília tá dominando o coração. Todos os donos dos anéis de sorte. Meus carmas, aqueles chatos que amo aturar. Coisudas. As eternas absurdas. Atibaia. Bragança. Paquetá. Belas, as mais misteriosas feras. Primas lindas. Titia Luiza, amigos da música, do delírio, como Chico e Bia. Rafas. Joaninnha, Teen e a irmã morena chamada Raquel. Tenho saudade de Vanessa, Roberta, da Roberta. Adoro os novos Linnda e Vito sem R, com violão e também senhor dos anéis. São tantos, não quero parar! Os mestres que eu amo mais do que me amam, WLJ, AM... Aquele doido que mora com aquela doida. Todos aqueles que não me esqueceram, aqueles que eu não esqueço e com quem não me aborreço. Tem italiano, tem um macaquinho de Porto Alegre, tem é gente! Tem vizinho, vizinha, tem criancinha. Os mais velhos, minhas pedras fundamentais. Aqueles que mesmo no silêncio e na ausência dessa vida continuam me construindo. Tem dois Animais. Os amores, alguns. O povo todo que entrou em cena comigo e me transformou, por isso inesquecíveis e gente muito boa. Amigos geniais, Valentes, amigos Melados, amigos dos amigos, chegados, cunhados. Leo, o mensageiro da paz. Os companheiros de blog. Geral do Rio, gente do teatro, do grafitti, da praia, do circo, da Lapa, da Barra, Tijuca, Laranjeiras. Tanta coisa boa, tanto amor, tanta vontade de fazer essas pessoas felizes também!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

força e equilíbrio, ninguém sustenda por muito tempo, é preciso um dia de sol dentro de casa, sem ventilar
gritar
espernear
como criança que quer doce, sem essa de cantarolar, ouvindo um rock pesadão, bater cabeça e os pés no chão com o corpo totalmente inerte, sem culpa, sem notar o tempo, fingindo que se diverte, vamos deixar a criança brincar
de caverna , de mexer com fogo e mijar na cama, tenho uma amiga bem assim
eu achava ela meio down, nada a ver
no verão os sorrisos são mais soltos
os dias mais compridos
os homens mais bobos
não combina com rock
nem com bebida mais forte
ontem me disseram que a cerveja cura
não funcionou
o dia lá fora, bonito
o som do sax perfura ainda mais aqui
alguma coisa não me deixa sair
a gente toda da rua
aqueles dois parados ali
não é da janela que vejo
eu sei
pra quem quero dizer isso?
não sei
fora todos os outros, eu aqui
escrevo
romance esquartejado
fatos não tão isolados, desorganizados
elaborando algo possível do caos
cacos
pra mim
de novo
entendo os gordos
entendo os magros demais
alguma coisa está fora da ordem
aqui nessa cidade
fora, fora, fora
medo da insanidade?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

sino bate dentro rola feito troço de doido da garganta pelo dorso sigo reta certa suja  feito louca

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

luar

eu azul da lua, quente do verão e só. de pé com os olhos brilhando paquero as estrelas e converso com o infinito. escuto uma melodia de longe tocada por um anjo. lembro do meu amor e corro para seus braços, já ocupados. ele é o anjo que toca pra mim o luar. sorrio como criança de novo acreditando que tudo nessa vida vai dar certo. entendo a felicidade como a mais simples forma de vida. também choro porque sei que a noite acaba. acabou e eu tive que atravessar o rio, pegar estrada e voar até um lugar onde as nuvens estão mais pesadas. agora forço a vista e procuro aquela claridade a todo instante. aqui me dói quando escurece demais. cansa o fôlego não ter o que é tão simples. vou lá fora algumas vezes olhar o céu, contar estrelas, inventar desenhos de nuvens. vou longe, vou tentar chegar até meu anjo guiada pela luz da lua que brilha aqui também. é só olhar pra cima, abrir os braços e não sentir a falta dos seus, pois o vento da noite de verão aquece. é só olhar com os olhos fechados, lembrar da melodia, dançar com as nuvens, piscar paras as estrelas, fantasiar um pouquinho... e esperar mais um tanto...