terça-feira, 22 de junho de 2010

praia de areia fina e branca, muito branca. casas cortadas ao meio, feridas e abandonadas. todas enormes e de estrutura negra. som de esqueleto cortando o vento. pequenos bichos mortos, peludos como tapeçaria de luxo e um mar de gente muda e desconhecida enquanto ainda sorri. caminha, sente o vento nos cabelos. a saia do vestido dança, faz um desenho bonito borrado de flores amarelas e vermelhas. cachorros de pêlos pretos deitados, ou mortos. carrinhos de bebês, babás invisíveis, bancos sujos, choros abafados, sacadas verdes, praça de concreto. olhares vazios, sorrisos montados, falsa tranquilidade. bananeiras, palmeiras e coqueiros. enormes janelas pro nada, panos brancos, cheiro de queimado. já sem fogo, td ali já havia acabado, mas ainda assim uma vida estranha, além do verde sobrevivente do alto do coqueiro, pulsava silenciosa como respiração contida. côco queimado, côco seco. boca seca, nariz seco, td cansa e o azul marinho do mar mais distante. pensou: foi feito pra não alcançar, só pra sonhar.

2 comentários:

Lari Sarmento disse...

vc é mesmo uma escritora de mão cheia!!!!! cheia de imagens e invenções! Bonito transformar atos tão cotidianos em poesia..... bonito dia, bonita noite!
A-D-O-R-E-I, duas poetas almodovianas!!!!! ou seriam influencias de Caio? sei lá.... mas se encontram.

Lila disse...

querida! sorte termos nos encontrado!