vai aqui uma rapidinha
a carne exposta no centro da mesa
civilizadamente devorada pelos olhos, garfos e bocas,
enquanto entre uma e outra mordida
falam babando palavras poucas
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
era cedo, a luz do dia entrava clara pela janela ampla e enferrujada, alguma coisa me parecia diferente naquela manhã, eu ali, tão prontamente e inspirada manuseando como uma artesã artigos de cozinha e temperos. quando com a faca na mão pronta para atacar e fazer em pedaços o meu almoço de verão, escuto passos na escada e me viro para ver se quem acordara era o meu amor.
não, não era e junto com ele perdi tb o que preparava, estava vivo o polvo e seus tentáculos sumiram da tábua debaixo da faca. procurei por toda a cozinha, no armário onde ficavam as panelas e dentro das panelas. olhei para cima e lá estava o molusco como um lustre num manifesto silencioso e desesperado pela vida de forma tão inteligente. ali parado no teto, sobre minha cabeça confusa, ele pingava um suor com limão que caía exatamente dentro dos meus olhos que pareciam chorar e choravam diante de uma uma coisa bruta que me lembrava uma obra de arte comovente de um desses artistas mensageiros, esses seres superiores de lucidez translúcida
tudo tão intenso a ponto de não me deixar alternativa, eu não podia suportar aquela imagem com tanta fome e pressa enquanto morria de saudade, com tanta sujeira e coisas para arrumar na casa, na vida. então segurei firme a faca e com um pulo atingi em cheio o centro do corpo que pulsava como o meu coração e tudo desapareceu de repente, um jato de escuridão me apagou. alguns minutos ou horas depois levanto com ajuda de mãos grandes e quentes, ou dias depois? eu estava fraca, ainda confusa e sem enxergar, senti uma força que vinha de fora entrar pelo meu corpo como um bloco de insuportável calor que fez arrepiar minha espinha torta, eu estava definitivamente machucada, cega e gradualmente, lentamente ficando louca.
não, não era e junto com ele perdi tb o que preparava, estava vivo o polvo e seus tentáculos sumiram da tábua debaixo da faca. procurei por toda a cozinha, no armário onde ficavam as panelas e dentro das panelas. olhei para cima e lá estava o molusco como um lustre num manifesto silencioso e desesperado pela vida de forma tão inteligente. ali parado no teto, sobre minha cabeça confusa, ele pingava um suor com limão que caía exatamente dentro dos meus olhos que pareciam chorar e choravam diante de uma uma coisa bruta que me lembrava uma obra de arte comovente de um desses artistas mensageiros, esses seres superiores de lucidez translúcida
tudo tão intenso a ponto de não me deixar alternativa, eu não podia suportar aquela imagem com tanta fome e pressa enquanto morria de saudade, com tanta sujeira e coisas para arrumar na casa, na vida. então segurei firme a faca e com um pulo atingi em cheio o centro do corpo que pulsava como o meu coração e tudo desapareceu de repente, um jato de escuridão me apagou. alguns minutos ou horas depois levanto com ajuda de mãos grandes e quentes, ou dias depois? eu estava fraca, ainda confusa e sem enxergar, senti uma força que vinha de fora entrar pelo meu corpo como um bloco de insuportável calor que fez arrepiar minha espinha torta, eu estava definitivamente machucada, cega e gradualmente, lentamente ficando louca.
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