ela ficou louca, é o que todos dizem.
superficialmente, claro, é o que podem dizer.
tão linda e louca, Betty Blue da zona sul.
corta os cabelos toda semana, pinta de 15 em 15, rói as unhas sistematicamente enquanto tenta colar as postiças na carne viva.
rasga a meia-calça pra fazer um estilo diferente, ri das próprias invenções.
escreve seu nome com os dedos na poeira dos carros
atende o telefone com bom humor e quando desliga quer matar quem ligou!
faz compras somente do que não precisa
beija somente os que não a cativam
finge orgasmos
multiplica suas gargalhadas em ecos de estranha felicidade
bebe diariamente, de refrigerante a detergente
varre toda a cidade!
dorme quando consegue, sempre tem algo a fazer
e nada importante
liga pra mãe chorando, depois diz que é saudade dos tempos de antes
consegue um trabalho aqui e ali, no caminho pinta correndo a boca de vermelho alaranjado, borrado
gasta tudo que ganha com cigarros, bebida e idas ao cinema
nunca teve carteira de estudante
se lambuza de algum doce delirante, uma vez na semana
vomita várias vezes por semana
vê caras e lê veja nas bancas das esquinas, assim sabe de tudo o que acontece no mundo todo e pode conversar com estranhos sobre as notícias mais quentes, superficialmente, claro.
comenta também sobre o tempo e o quanto as fulanas emagreceram ou engordaram
com o passar do tempo
o tempo, sempre o tempo!
sonha com um grande amor
acorda desesperada
liga o rádio escuta Amy e dança Gaga
quer ser a Beyonce, mas a bunda faz tempo não anda lá essas coisas, ela sabe
e vai levando
o tempo passando e ela com a mesma mania de garota colorida
cada unha de uma cor, tem vez...
as unhas, sempre as unhas!
sapatos vermelhos
sempre vermelhos!
lenços e laços estampados
e o tempo
tá chuvoso
mas guarda-chuva, ela não tem
vive molhada, quando não chove se taca no mar pra tentar se afogar
mas não consegue, ela vai levando, assim como pode
sozinha, tadinha.... maluquinha!
quarta-feira, 28 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
encaramujando
nóssóasóssónóssemosnós
..............................................navegando
porque nascemos
mas não queremos..............................
duvideodósemdónemnó
........................................deitar na grama verdinha
encaramujando juntinho
..............................................navegando
porque nascemos
mas não queremos..............................
duvideodósemdónemnó
........................................deitar na grama verdinha
encaramujando juntinho
segunda-feira, 5 de abril de 2010
renda-se
certas coisas são inevitáveis como a dança das janelas abrindo e fechando ao som de vento forte
domingo, 4 de abril de 2010
utdo é ciçfão, mneos a dro.
O título dessa postagem é uma frase de Jô Bilac: "Tudo é ficção, menos a dor." A cena é uma narração em primeira pessoa que começa assim: ontem passei na esquina de casa e vi uma mulher pendurada no orelhão. ela tinha os olhos borrados de maquiagem preta, a cara suada, o cabelo louco, o salto torto (metade na calçada metade no asfalto), tornozelo torto, sujo, decote torto, sorriso torto, dizendo pau sa da men te entre espumas brancas:
- sabe, já não espero mais as flores, o cartão postal nem sequer as lembraças por elas mesmas. eu sei, bebi demais. 12 horas de porrrrre, é bom! agora basta comer um macarrãozzzinhosozinha em casa, novela na tv olhando nos olhos do thiago laceerrda. sabe, eu não espero mais uma comidinha feita com essspeciarias e malandragens que vc me prometeu. faz tempo perdi o paladar pra coisas que eu não provei. tá td calmo... é como eu te falei uma vez na casa da sua mãe: quem nasce bem como eu não aceita qualquer coisa! lembra ou não lembra? nãaao lemmbra. agora vai dizer que não leemmbra! então, escuta! quem nasce bem como eu não aceita qualquer porcaria! entendeu? mas eu tô trabvallhanndo o desapego, o zen, o amor próprio e ao próximo tudo assim juntinho, é difícil, mas eu ttôo no caminho, eu vou me adaptando, sabe como? thô calllma! eu tô ficando velha e idiota, é isso, vc tem rrrazzzão! tem rrrazão! eu não disse que vc disse isso eu é que disse que eu acho que vc acha isso de mim. eu não tô exaggeranndo não, tá!? vc acha isso sim eu sei que acha, mas tá td bem, td certo entre nós, enfim concccorrrdamos! eu sou velha e idgiota!
bateu o telefone na cara do sujeito, depois das últimas e conclusivas palavras arrastadas e sumiu na multidão. para observar essa cena até o final eu tive que disfarçar a minha curiosidade. primeiro fingi estar conversando ao celular, depois ajeitando o cadarso do tênis na beira da calçada, também toda torta quase com a outra metade do pé no asfalto, bem ao lado da sandália de plástico da mulher descontrolada. ela devia ter uns 30 anos. toda torta da vida. sem saber pra onde ir de tanta birita, coitada! aquela mulher fazia gestos monumentais, ela era um espetáculo e isso td é invenção!
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