quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

mãos à obra!

um trânsito interno cósmico astrológico bombástico
uma vontade de estar com meus amores
é cronológico
30 anos
nada de horrores
é lógico!
costuro as linhas da vida só com o pensamento
parabéns pra mim, que estou viva até hoje!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

tic- tac: que feio é escrito, o barulho das horas passando

os sistemas já não são os mesmos e as palavras criptografadas não podem dizer nada. investigo uma ruga no espelho enquanto novamente me esforço por pelo menos uma palavra que faria sentido; se pudesse ser fotografada. as palavras criptografadas não querem dizer nada.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

memória

das contas que já diminui agora só faltam alguns poucos saldos
dados das lágrimas que bebi
momentos que eternizei
fome do amor
de um tanto de dinheiro
de merda nenhuma
fome de mim
de porra nenhuma
de vc
de nós dois
roendo unha
palavras
solidão
medo
choro e sonho
equecidos
como as queixas de depois

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

a sociedade, o verão, a paixão, a merda e a rotina

A rotina e a História
VERISSIMO
O GLOBO - 09/12/10

Nada me impressionou mais no relato que li, certa vez, sobre os últimos dias da Segunda Guerra Mundial na Europa do que saber que, enquanto as tropas russas entravam em Berlim, em algumas zonas da cidade o leite continuava a ser entregue, os carteiros continuavam a fazer suas rondas, a vida “normal” seguia seu curso. Não sei se achei isso admirável – o poder de resistência ao caos do banal e do cotidiano – ou um exemplo assustador da rotina desconsiderando a História. Viver “normalmente” num mundo em conflito permanente entre riqueza e miséria, privilégio e exclusão, progresso e atraso é a experiencia comum de todo o mundo. Isto inclui os desenvolvidos e os sub, inclui todos sem exceção – a não ser, talvez, os escandinavos. Mas mantemos nossas rotinas mesmo sabendo dos bilhões de despossuídos da Terra, incluindo os que vemos pelas nossas janelas. Fazer o quê? Sentimos muito, nos indignamos, votamos em quem promete melhorar a situação pelo menos na nossa vizinhança, mas nossas vidas têm que seguir seu curso. Como em Berlim, o conflito está acontecendo longe do nosso cotidiano. Mas às vezes – como no Rio – o conflito invade o cotidiano. A rotina é abalroada pela História. Nosso dia-a-dia não é mais refúgio nem álibi e somos obrigados a enfrentar a realidade.
Além das características peculiares do confronto que o incendiou – o trafico, a polícia, as milícias, os políticos, uma velha História tipicamente brasileira –, o Rio serve como um microcosmo das divisões sociais, raciais e econômicas do mundo, apenas complicado pela
sua geografia nada comum. Discute-se quais seriam as piores favelas do mundo – dizem que as do Haiti e da África do Sul disputariam a medalha de latão – mas todas as favelas são iguais no que elas representam de descaso de um lado e de ameaça do outro. Antigamente, quando quem morava nos morros do Rio vivia pertinho do céu e arma de bandido era navalha, já se falava no que aconteceria quando os morros “descessem”.
O temor, explícito ou implícito, é de todo o mundo. Mas enquanto a invasão não vem, ou só vem de vez em quando, a rotina prevalece e a vida segue seu curso.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

paixão segundo o fim do ano


aqui no Brasil é verão
rascunhar caminhos com o clima abafado
banhar onde ainda se vê o chão
não muda minha situação
aperto os olhos e olha o que me acontece
vejo a ponta de um iceberg brilhando no infinito
e derreto de paixão se enrosco contigo
perfeito segredo
perigo
carnificina
na Rocinha
na cozinha
carnes na Prainha
torrando ao sol e sal
evaporando, morrendo, correndo
só esperando o Carnaval
o tempo que voa, pára
a chuva que lava, leva
o peito que bate, dói
a pele que clica, manda
então eu digo: paz e amor
suor e frescor!
dedo do foda-se pra vc!
eu sou muito mais malandra!