quinta-feira, 30 de abril de 2009

sobre as histórias ainda não inventadas existe muito mais o que dizer e continuar inventando pode ser uma solução para a preguiça que aparece sem querer. as caravelas velozes no mar agitado se chocam. um corpo cai e não se machuca. assustado tenta embarcar novamente, agora como o mar molhado e agitado.

estou eu, meu celular e as dezenas de tentativas de gravar uma mensagem para a secretária eletrônica. muitas vozes, muitos discursos, muitas mulheres, me confundo demais! não sei qual escolher: confirmo e apago e confirmo e apago. essa não, cruzes! nossa, que merda! e quando acontece de eu gostar de alguma, é claro que fico emocionada e ga- gaguejo!

mas o doce deleite tinha um cheiro que não me parecia de doce de leite

e quando ele abriu os olhos realmente estava em outro lugar

deitados os dois abraçados queriam ser um só. impossível, sabiam disso, mas na tentativa desesperada de ultrapassar os limites da física se embolaram nos lençóis e se lambuzaram com seus fluidos em nós. foi só quando o único fumante sentiu saudade do seu vício que perceberam os quatro braços, as duas bocas,...

terça-feira, 28 de abril de 2009

VI TAMBÉM NEGRINHA




Casarão Austregésilo Athayde, na Rua Cosme Velho, 599
Sara Antunes, muito boa negrinha!
Simples, lúdico, assustador, lindo trabalho, dá vontade de brincar com ela e viver no casarão de parede de açúcar e de osso branco de preto.
até dia 12/04

PARA BELA (s):

partes de o sopro de vida e do livro da aprendizagem eu marquei. o vôo é solitário. a atriz de amarelo manga diz que às vezes parece que o mundo todinho foi feito dela e que ela nunca vai morrer. eu vi o inferno do Dante no cinema mudo italiano e li hj mesmo que a cada 10 dias 1 índio guarani-kaiowá se mata no Mato Grosso do Sul. e perguntou pra mim o sopro de vida: será que devemos nos preocupar em sermos felizes? pra quê? e depois de toda uma crise, uma paixão, essa mesma mulher diz que somos felizes pq podemos sentir a vida de diversas formas. eu nem sei, nem vc, nem ninguém, mas os portos tb existem e se quisermos não vamos nos perder por muito longe. me liga!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

as borboletas pretas estão aparecendo em maior quantidade por aí! ande com guarda-chuva por qualquer que seja o caminho escolhido. o tempo tá meio esquisito, meio doido, pode cair o céu de repente e vc vai se molhar. evite ficar doente. não saia de casa de cara fechada, a fragilidade atrai raios mortais. leia logo algumas coisas referentes ao que pode ser Deus ou seus equivalentes e nem sei mais o que pensar agora. ah, escreva alguma coisa bonita e jogue pela janela! talvez alguém solitário e infeliz receba essa luz que não saberá de onde vem, acreditando assim se tratar de um verdadeiro sinal. coisas que aparecem de repente e de origem desconhecida são reais.

sábado, 25 de abril de 2009

SAUDADE

quarta-feira, 22 de abril de 2009

a eternidade e
um dia
uma música
um beijo
a efemeridade e
um instante
uma nota
mais um beijo
a idade
o tempo
o amor
a palavra
a dor
o prazer
a ausência
a loucura
a nostalgia
a saudade
o desejo
o medo
o tédio
a eternidade da Clarice é ficar perpetuamente morrendo como gozo de dor supremo
a minha eternidade são efêmeros estados que vivem me acontecendo
às vezes sinto como se já tivesse morrido
uma alma que vaga com apego pelas ruas
sou uma velha que imagina como foi bom ou como poderia ser
contemplo as pessoas, as memórias
uma criança que descobre tudo com a rapidez de um relâmpago que ilumina e faz desesconder o que eu mais quero ver, os detalhes, galhos como braços que pedem socorro, água e amor
uma dor me aniquila, essa é a minha eternidade aqui na vida até morrer
uma certeza, a dor, e não deveria nem ter esse nome, realmente. o que não é dor? existe até dor gostosa de sentir, a insuportável e a fatal. como vão passando os dias e o tempo sem que as pessoas se olhem e se entendam? como pode ir acabando eternamente ainda sempre na distância? como ir vivendo para morrer só? e são tantas as belezas que só enxergamos com olhos cansados e entusiasmados, como se pudessem ser assim juntos. podem, mas nem sempre. e quando isso acontece é a graça, é a poesia que resolve dar o ar. é a vida sutil, são os sabores indizíveis, os sinais de divindade indecifráveis. que Deus é esse? pra quem olho com meus olhos transparentes sem perder o melhor da inocência? ai, uma ciranda! quero dançar ciranda e girar com os cabelos que voam e o rosto pro céu, vendo td se misturar numa cor só, segurando forte as mãos dos dois lados, dois elos que me levam para a plenitude de estar viva. estamos vivos! estamos juntos, eu amo, eu quero e não largo suas mãos. me voa com você, me lava, me abraça me cata na rua daquele bairro que eu não sei mais o nome e onde me viu uma vez cantar, me fala baixo e em seguida não me irrita mais, é assim que vai ser, os pressentimentos me dizem que nós vamos correndo girando e eternamente esbarrando na graça, riremos de tanta! mas não é só de rir. tem graça que é de paralisar, de entristecer, de dar coragem, de apaixonar, tem graça de arrepender um pouquinho só e tem graça de desejar o inalcançável, tem um monte de coisa que eu nem sei, mas procuro e vc também, eu sei. você que não é só um, nem dois, é mais, tão mais! eternidade em mim que sou efêmera, pois o relógio vai bater a minha hora daqui um dia. e se eu puder, continuo sim eternizando comigo longe você e nós e todas as coisas que eu vi com graça. todo o amor que recebi e guardei no que sou eu, eu sou você em mim e em você e sou eu em você e em nós que nem sabemos onde moramos. uma vontade de chorar por tantas coisas que eu nem sei além dessas aqui, uma vontade de não morrer, de ter todo o tempo do mundo e de não ver que perdi coisas que gosto, que amo. uma vontade de permanecer aqui, pois aqui não tem fim. e agora só choro com dor e prazer de viver e é só isso. tenho pena de mim, de você, do moço que abre a porta do meu prédio e dos meus pais, de todos! eu não quero estar sozinha agora.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

minha máquina do tempo

cortar o vento e beber a chuva, eu desafio levando numa boa o mau tempo. também pinto de preto as unhas e me sinto mais linda assim. hj quero dançar um som pesado, fora do ritmo que é pra desafiar mais uma vez. o tempo. de repente. páro e recomeço. e de repente já passou e eu continuo ou mesmo já estou bem no futuro.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

vamos celebrar o amor! eu te amo! eu me amo! eu amo! amo! não consigo parar de amar! é um vício, uma condenação, eternamente amo! eu amo quem nem conheço ainda e nem vou conhecer! amo! e muitas vezes nem sei que amo, mas agora entendi que não preciso saber que amo, nem sentir que amo, eu vou amando assim quieta, sem querer e sem cessar, com calma, constante, discreta, amando aos poucos e pra sempre, só aumentando minha coleção de amores. a cada dia eu amo mais, cada vez mais, amando como uma mãe, incondicionalmente, amando como uma santa com a única diferença de querer ser amada também, mas não em troca.

terça-feira, 14 de abril de 2009

COM AMOR:

A MINHA PAIXÃO ou quase

com o coração acelerado ainda e a pele da perna marcada do arrepio escrevo agora, pois preciso voltar a dormir. a minha paixão aconteceu! eu tinha gritado e pedido isso de alguma forma aqui um dia desses, recente, e em tudo desejo metamorfose, mas se eu não conhecesse a paixão da G.H. eu teria, ao contrário dela, me esquecido para sempre das leis e dos regulamentos. parece profecia, sonho, eu mesma desconfiei da veracidade do que estava vendo por muitas vezes, até que deixei como prova de que era real o corpo da barata que matei no escritório da minha casa. algo de dimensão bíblica acontecera com G.H enquanto comigo apenas o inevitável, mas coincidente. eu nem sei como e porque levantei da cama com pretexto de fazer xixi e não era uma vontade urgente como a de sempre e que faz a gente acordar. eu testei pra ver se valeria ir até o banheiro, apertei a barriga com a sua própria força e quase não tinha o que sair, mas tinha um incômodo e decidi. abri a porta do meu quarto e como uma piada lá estava eu tão cansada diante de uma enorme barata tb já tão cansada e vagarosa, era uma barata grande e velha como a que Clarice Lispector descreve no livro que leio e releio com esforço pra não perder o regulamento. e foi uma sensação de déjà vu, de sei lá. o pavor e o nojo não ficaram em primeiro plano e é claro que eu paralisei durante um tempo, mas como tá escrito no livro sagrado da Paixão Segundo G.H, na vida é preciso ter a coragem de ir como um sonâmbulo então eu fui e busquei o primeiro sapato que vi. antes de atacar a barata, observei que a antena esquerda fina e longa se mexia como orelha de cachorro que percebe movimento por perto, parei de novo com o corpo todo doendo por ter que passar por isso. respirei fundo, abafei o enjôo e mirei, mas ela começa a andar, toda errada, errando as patas, estranha e foi quando tive certeza da semelhança não só entre as baratas, mas entre os destinos. tive a sensação então de uma super realidade acontecendo em tempo instantâneo e potente. senti um pouco de medo, pensei em como seria a minha relação com aquela barata e queria que fosse a mais breve possível! fui atrás dela com calma e então taquei o sapato mais uma vez, ela escapou e andou mais um pouco, por todo o corredor que sai do meu quarto até o escritório, como uma via crucis e eu era a que apedrejava, sem querer cumprindo o meu papel. e de novo taco o sapato e ela escapa, não soube esmagá-la com o sapato na mão, seria muito nojento, escutei o barulho dela se quebrando toda molhada com sua massa de dentro indo pra fora, não! ela parou e ficou, acho que quis se fingir de morta, elas são muitos mais espertas do que eu pensava, e a própria G.H. não tivera a chance de perceber isso. taquei de novo somente pra imobilizá- la e ganhar tempo de pegar o inseticida. esse foi um jogo sujo entre nós e era a única maneira de eu me livrar dela e ela de se salvar. corri e voltei implacável dando muitos tiros e ela resistente de barriga pra cima ao lado do sapato derrotado tb com a sola pro alto, ela me lembrou o Gregor Sansa quando acorda e não consegue sair da cama esperniando as patas, lutando pela vida. ela então se vingou de mim nessa hora, pois era de um horror quase insuportável o que aquele movimento desesperado causou em mim, eu toda contorcida junto com ela, arrepiada e dramática, acompanhei os momentos finais da barata que relutava e eu era a única a ter esperança de que ela ia sim morrer. uma agonia, eu tive pena e nojo, que coisa! lentamente ela foi perdendo a força e então nem tive mais coragem pra nada, já era suficiente pra mim! todos aqueles sustos e o que vem depois... deixei ela lá como se pudesse se desmaterializar, não toquei, nem pensei em tocar. quase embarquei na mesma viagem de G.H. ao deserto e ao inferno, mas ela me avisou de tudo, e me guiou como uma memória minha, de coisa que eu mesma aprendi sozinha na vida e então soube como viver melhor o que me acontecia de novo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

desenho de Franz Kafka


alegria! alegria!
um dia o que era alergia, por falta de foco, virou alegria.


domingo, 12 de abril de 2009

AAAAAHHHHHH! RRRKKKKKK!

gerar ciência
receita
conceito
gerar
geração
geração coca- cola
geração
sem ação
nossos corpos querem pulsar
sem gerar
neutros sem poder de decisão
neutros complexos de nervos
arrepia a nuca pensar
e a permissão pra matar
a angústia
a náusea da vida?
me acuda
me segura
me ajuda
me iluda
ai que loucura!
remédios esconderijos
relógios algozes, regozijos
pensaresentimentos perdidos
interrompam interruptores, AGORA!
São Vito, batizado em 1959 e mais conhecido como Treme-treme
Ficha:
27 andares

624 apartamentos
fica na Av. do Estado, Centro de São Paulo
seus vizinhos: Mercado Municipal, Parque Dom Pedro II e mais um edifício em fase terminal, o Mercúrio
sem elevador desde 1990
desocupado em 2004 quando abrigava cerca de 3 mil pessoas e muitas histórias sinistras
2009 ainda aguardando a data da sua execução

quinta-feira, 9 de abril de 2009

o prédio esqueleto
edifício morto
defunto de concreto
alma penada da grande cidade acelerada
cemitério de sonhos
quantas salas sem famílias nem mobílias
quantos os andares
promessas de lares
e quando subo meu olhar por toda sua estrutura crua
sinto a dor da morte em plena rua
nuas as janelas sem vida, quadradas
quebradas, tortas, estilhaçadas
esquecidas que lindas!
coloridas, pichadas, detonadas
casinhas de boneca sem cabeça
de longe tão pequenas todas tantas
como um monstro gigante abatido e que não sangra mais
e era cinza e não vermelho o que saía dele
com centenas de patas umas em cima das outras
queria antes ser como uma espécie de colo mais que materno
um abraço de Deus protegendo seus fiéis pagadores de promessas furadas
acabou!
vai ser varrido do meio do passeio público
num domingo
enquanto comem bacalhau os que podem
nada mau!
mas vai indo esse quadro surrealista paulista
um sonho
pesadelo
mas nunca real
tenho pena
mas vai ser uma morte grandiosa!
a morte do morto
o enterro do pó
e finalmente a paz das coisas apagadas da história
o silêncio e o vazio, nem eco nem sombra
ele vai para a dimensão dos vultos
como os velhos filmes mudos que imortalizam pessoas que sumiram do mapa
alguém lembre de tirar uma foto ou se preferir um desenho
ele não pôde ter filhos
seu nome não se sabe
pois com tanta pompa de desordem
seus apelidos se muliplicaram
a carcaça é o que o representa
e só quem viveu nas suas entranhas proibidas
conhece mais do que o espetáculo visual que se tornou
vindo de todos os tempos, não tem mais pra onde ir
interrompendo suas passagens e paisagens por aqui de anos de degradação
com o fim vai para a memória, lugar de onde nunca mais pode voltar

quarta-feira, 8 de abril de 2009

tá tudo arquivado
nas rochas gravado
nem vento nem água
mas manto de fios de aço
e só toco quando mesmo no silêncio te escuto
claro e preciso vem
por debaixo e além
mesmo desafinado
o que é raro
o Deus que é homem também
atravessa os limites do espaço
imagino que se fosse pra mim
também não seria daqui
queimando as maos de tanto tentar o fogo
e nao me aquecer
ainda tateio

e tento o toque


sexta-feira, 3 de abril de 2009

eu tenho uma mania feia
não conto pra ninguém
também não sou criança
mas isso não é uma pista
escorrego sem querer
mas quem não quer brincar?
sorvete verde de limão
palavras cruzadas
açúcar queimado
e tudo o que for melado

quinta-feira, 2 de abril de 2009

M, um recado pra vc: matenha- se longe daquele orelhão quebrado!
mas o que mesmo importa de verdade? quem não souber responder imediatamente com pelo menos com uma palavra tá fora do jogo! o bobo morreu rindo e o esperto acha que com ele não acontece. e agora?