domingo, 21 de fevereiro de 2010

AGRESTE MALVAROSA

Texto espetacular de Newton Moreno
com direção de Ana Teixeira e Stephane Brodt, do AMOK
música linda de Beto Lemos
em cena duas jovens atrizes Millene Ramalho e Rita Elmôr, inteiras fazem as palavras de Newton ficarem ainda mais bonitas e reais
no Teatro do Jockey, até 14 de março!!!!
sente logo na primeira fileira e olhe bem fundo nos olhos das atrizes, como uma criança que acredita nas histórias bem contadas, fui ao agreste e vivi com elas a beleza do amor, a agonia da ignorância, a dor da morte, a graça das descobertas. é uma peça delicada como a malva rosa, planta usada por curandeiros de flor exuberante e cultivada sob sol pleno

sábado, 20 de fevereiro de 2010

ressaca

finalmente sinto a solidão que ninguém nunca poderá tirar de mim! absoluta, bruta e definitiva. agradeço a sinceridade desse momento, que é a única testemunha e a única que não vai tentar me fazer acreditar em outra possibilidade para mim nessa vida. já estava na hora, quando o carnaval acaba. abri a porta, dei de cara com ela e não teve bloco pra disfarçar, é mentira! hoje brincou o bobo. entrei em casa com o rabo entre as pernas assumindo que acabou a fantasia.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MULHERES DE CAIO: META-CARTA

Querido,
quanto tempo não ouço a sua voz de veludo pesado! Veludo do bom, grosso e macio que me esquentava nas tardes cinzas de inverno. Aquelas tardes em que não nos encontramos naquela praça abandonda no meio de uma cidade invisível, espaço entre o nada e o lugar nenhum, onde coube por um tempo a cabaninha secreta do nosso amor mágico. Truque: saiu agora da minha cabeça essa palavra e é mesmo como um truque que alguma coisa que era fundamental desapareceu deixando a marca da lágrima eternizada na cara do palhaço. Então, meu muito querido, essa carta é de alforria, desplugo agora nossa sintonia! Querido querido, me perdoe por eu ser quem sou, me perdôo por ter te amado demais, te perdôo por tudo o que for preciso perdoar. Fechamos a conta assim com tudo combinado e quitado! Eu realmente espero que você entenda os meus motivos escondidos e que não pense que estou maluca. Que essa carta chegue ao seu endereço, mas isso não depende só de mim...
Um beijo com desgosto carinhoso de quem sempre vai te esperar voltar das cinzas tardes esquecidas na memória, das manhãs dos sonhos mais coloridos, bem do fundo da minha mais ingênua ilusão, das paisagens mais lindas das florestas mais densas, de algum lugar... e aí eu vou querer te dizer um texto que eu li uma vez e que me fez lembrar muito de nós dois. Com cuidado, palavra por palavra, bem articulada, vou te dizer cada uma delas com os lábios tensos que seguram o choro:


"SABE QUE O MEU GOSTAR POR VOCÊ CHEGOU A SER AMOR, POIS SE EU ME COMOVIA VENDO VOCÊ POIS SE EU ACORDAVA NO MEIO DA NOITE SÓ PRA VER VOCÊ DORMINDO MEUS DEUS COMO VOCÊ ME DOÍA VEZENQUANDO EU VOU FICAR ESPERANDO VOCÊ NUMA TARDE CINZA DE INVERNO BEM NO MEIO DUMA PRAÇA ENTÃO OS MEUS BRAÇOS NÃO VÃO SER SUFICIENTES PARA ABRAÇAR VOCÊ E A MINHA VOZ VAI QUERER DIZER TANTA MAS TANTA COISA QUE EU VOU FICAR CALADA UM TEMPO ENORME SÓ OLHANDO VOCÊ SEM DIZER NADA SÓ OLHANDO OLHANDO E PENSANDO MEU DEUS AH MEU DEUS COMO VOCÊ ME DÓI VEZENQUANDO" Caio Fernando Abreu, no conto Harriett

sábado, 6 de fevereiro de 2010

vem que eu tô aqui!

me dou conta de que não sei voltar pra casa quando não reconheço por onde passo. nem as ruas, nem as casas, nem a cor e o cheiro da praça. nada, nada. é sempre uma certeza furada, pegar a estrada.
o verão tem dessas coisas, o corpo sempre em movimento, paixão, um tormento! se saio pra pescar, logo quero ancorar. se como demais, vomito. se beijo de menos, choro. se danço demais, lasco o pé. se chove, me molha. se choro, nem noto. mas em nenhum momento perco o ritmo, ainda vou fundar o meu bloco! vc vem comigo?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

prometo todos os dias amar e respeitar, regar e deixar crescer toda palavra que me acontecer
toda minha fidelidade e dedicação estarão sempre entre nós
que assim seja feita a minha vontade
em todos os momentos de solidão que essa dor se faça menor porque tenho como me socorrer
e que o milagre da multiplicação se realize no momento em que pelo menos uma pessoa possa me entender
que, enfim, eu seja feliz para sempre enquanto tiver onde escrever

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

pra mim?

"ele bruto, ela leveza
ele cor e tinta, ela palavra e expressão
ele aprendiz, ela também, dois mestres...
ela se deixa beijar, ele não conhecia lábios tão macios.
ela convida, ele vai, eles fazem amor
ele nem sabia que homens tinham orgasmos múltiplos
ela suspira, ele derrama uma garrafa d´água nos corpos já molhados.
ela fica mais bonita ainda com o tempo
ele deixa o tempo conduzí-la...
ele comete a loucura de escrever essas palavras em um bilhete, mas queria escrever novamente com chocolate naquele corpo de leite"

o vento trouxe um pedaço de papel rasgado e nele as palavras de um homem que gostaria de conhecer. mexeu comigo. agora ando por aí toda prosa procurando quem é esse que me quer. agora eu sou essa mulher.