quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mesmo que meus olhos não estivessem arregalados, enxergaria mais. Que volume tem os sons!
Meu passo é largo, a narina devora o ar mais ralo, arrepia a pele do corpo pulsante. Falta ainda, olhos de câmera objetiva. Muda, mudo de lente. Subjetivamente sou atraída por um detalhe, um vulto. Muda, mudo de lente. Tenho a sensação de que vou desfalecer, algo parecido com a morte. Me entrego ao medo que revela o descontrole. Deveríamos ter a segurança de conhecer totalmente o mundo em que vivemos, penso quase chorando. Para virar a esquina me concentro, faço cara de corajosa, mas vi! Ali! É agora! Ok, era só a minha sombra. E um grito com certeza está quase saindo da minha boca, só falta um tropeço para o impulso. Parada eu não fico. Correr é ridículo. Luto infeliz com toda força para que a razão prevaleça. Sei o caminho, não estou longe. Minha perna treme e eu posso cair sem conseguir levantar. Um frio na barriga, um desamparo! Tomei uma droga diferente e não me lembro? Eu alucino bem sozinha à noite? Bobagem! Qualquer adulto ou criança pode passar por isso e tal e me lembro então que estava na casa da minha avó, deitada no colo dela. Feliz, confortável, gostosinho,
quentinho. Quis ir embora e não calculei o transtorno que seria andar duas ruas até chegar em casa!

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