quinta-feira, 28 de maio de 2009

cresceram no meu jardim. cobras enormes com dentes afiados. quebraram os vidros das janelas enquanto eu tentava proteger as portas. elas entraram, foram mais fortes. uma para cada cômodo e nem sei quantas porque não conhecia minha própria casa.

quando tomo um banho decisivo, me lavo demoradamente. deixo a água morna levar o que não é meu. no final só fica eu, meus cabelos que restaram, minha pele viva, minha velhice esperada, meus peitos doendo, um certo cansaço, a certeza da solidão.

um contentamento por ter vivido, por viver e por ainda esperar alguma coisa me toma quando deito depois de mais um dia.

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