Ontem fiz uma viagem no tempo de hoje. tenho 28 anos e moro no Rio de Janeiro e foi só ontem de madrugada, vagando pelas ruas da Barra da Tijuca, que descobri a verdade da atualidade. Eu só queria um lugar bacana pra relaxar, mas fui expulsa da rua e em pouco tempo já estava em casa acreditando que tinha passado por uma experiência necessária. Na Ilha do Sol! Eu, uma velha, uma gringa, eu uma nerd, eu uma estranha, eu apavorada com medo dos pit- mulas sem cabeça, pit- merdas e das barraqueiras com saltos de grifes prontos pra furar meu olho, a troco do nada! E é justamente isso que me dei conta, td bem a troco do nada vai acontecendo. A troco do nada todos se reúnem numa danceteria com música alta e bebida liberada, só mesmo pra acabar de liberar o que já não tem mais chão, o que não tem mais senso de realidade. Onde estão todas as cabeças bem penteadas, esquecidas nas cadeiras dos salões de beleza ainda sendo progressivamente escovadas? Ou totalmente podres como melancias mofadas deixadas em estofado no verão? Me cheira mal, muito mal. O perfume caro dessa gente não engana meu olfato. Ou perdi de vez a noção? Fui eu ou foram eles? Foi vc? Alguém me diz, por favor! Na Ilha do Sol eu deveria ficar contete? Deveria achar a vida o máximo, os meu amigos o máximo, o meu xilique o máximo? Será que Ilha do Sol é o nosso Planeta? Me sentiria feliz por não ser uma anônima qualquer? Afinal, os brilhos na luz negra ressaltam qualquer movimento, até aqueles que jurariam nunca fazer em público se não estivessem embriagados. Todos gritando palavras iguais, conversas sem pé nem cabeça, sem poesia, repetição por falta de opção, estão todos mortos e lindos! Todos bêbados chiquérrimos! Bom, chiquérrimos foi a palavra mais próxima e rápida que me aconteceu, me lembra glamour e eu acho glamour muito brega! ok, estavam bem arrumadinhos para o gosto geral. Quase uniformizados todos se entendem com gestos não muito sutis. Os homens quandos se interessam por alguma mulher não perdem tempo em puxá-la pelo cabelo carregando prum canto, rebocando como fazem com seus carrões quando esses tomam forma de latinha de cerveja amaçada. E eu uma alma penada? Eu? Mas o que é que tô fazendo aqui, meu Deus?! Será que é a minha falta de bronzeado? Onde e por que não caibo na Ilha do Sol? Nem mesmo por mais de 5 minutos! Foi o tempo de me sentir atormentando no umbral. E estão todos sorrindo gargalhadas. Onde está a graça?! Existe um número grande de zumbis vivendo entre nós, aqui mesmo no Rio de Janeiro. Eles têm poder de compra e nenhum sobre a própra vida. Seus desejos estão escondidos atrás de poros maquiados, sufocados por superficialidades, uma tática fácil para se livrar da vida! é da vida que eles correm! eles não sabem q correm da vida, pois não é assim que ela é intensa. Correm da vida, correm de carro, correm do tempo que passa e que envelhece, correm da tristeza, dos atristas, dos familiares, correm do português, do amor, das diferenças, da liberdade, do segurança da boate, das resposnsabilidades, correm da idade, da faculdade, da sanidade, da insanidade. Anestesiados suados sarados aloprados, retardados com grana pra esbanjar tudo isso que fingem que têm. O carro quem comprou foi o papai! Marginais de classe média-alta! Não são felizes, são tristes, mas não sabem. Não é Satanás, é falta de arte, falta de vergonha na cara pra ver que a vida não pode ser isso todo dia. Todo dia não!