... ou A Descoberta das Borboletas, mas o nome correto da peça é UMA HISTÓRIA DE BORBOLETAS. Inspirada num conto de Caio Fernando Abreu e dirigida pelo amigo querido e talentoso Marcelo Aquino. Nem sei como descrever o que aconteceu com as pessoas que estavam na platéia ontem. Eu chorava como uma criança que se perdeu de casa, mas que encontrou a vida mais do que a que vemos com os olhos sadios. "Ver é a pura loucura do corpo.", frase da Clarice Lispector que costura lindamente um dos momentos da peça. Caio Fernando está ali estruturando, outros autores como Artaud também aparecem oportunamente, mas me parece que a dramaturgia é mesmo dos atores! Eu acredito em cada um e me vejo também ali. Essa vida é muito louca, é a vida e não nós. Nós nos adaptamos a essa condição e portanto somos tão absurdos e sentimos tanta dor. Me mexia na cadeira, balançava o pé, tentando disfarçar meu incômodo pra mim e para os outros naquela pequena sala do Solar de Botafogo. Mas no fundo é isso que busco na arte, preciso ser tocada a ponto de doer e de logo depois rir também como criança. Rir de coisas que ninguém sabe se são pra chorar, rir de mim que estou ali junto com aquele elenco cantando que as borboletas amarelinhas são tão bonitinhas, eu personagem real. As borboletas, deixem-as voar! As borboletas somos nós num raro momento de liberdade e beleza. Quando descobrir a primeira não tenha medo, logo virá uma outra de dentro de você. Poeta, músico, ator, borboletas coloridas moram dentro de qualquer um, mas elas só aparecem para alguns e outros chegam a tocar, segurando-as entre o dedo indicador e o polegar!
Teatro Solar de Botagogo
até 26 de abril
quintas, sextas e sábados às 21:00h
domingo 20:00h
30 reais, levem carteirinha se tiverem!
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