segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

acorde Em, acorde A

é meio cor de nada é meio cor de morte
eu quero um remédio pra guardar, pra acordar e se chama café
a cerveja dá sono a maconha tb mas eu não fumei ontem
acho que eu bebi vinho na casa do vizinho
que me acordou gritando
acorde acorda meu bem meu nenen
hj é segunda feira vamos fazer a feira comprar coisas bonitas flores de um real
chora mas deixa embora
acho que eu vou esquecer
esquece agora
naõ vem não
acho que vou chorar
sentada na sala acordada
nao consigo acordar
nao consigo acordar acho que eu vou chorar, faz bem meu bem
meu bem também eu gosto de vc
eu sei um lugar legal pra gente ir
uma piscina azul da cor do seu esmalte
te mendei torpedos dizendo besteiras?

sábado, 5 de dezembro de 2009

desespero agradável é achar que eu posso sair daqui agora e chegar até vc sem avisar. eu fantasiei esse momento de sair de casa com a roupa do corpo e pegar a estrada, mesmo com esse tempo chuvoso. meu coração disparado só queria saldo pra romper de vez com o esperado. chegaria bem na hora em que estivesse acordando, não sei se cheia de entusiasmo ou com a cara de anteontem ainda borrada de sombra preta. com cheiro de cigarro nos cabelos, a bota suja de rua e a roupa úmida. com febre, pedindo cuidado, chorosa e o corpo todo carente de vc. seria bom? o que faz uma pessoa desejar mais do que nunca estar com uma outra tão subitamente? uma coisa que mora onde? no estômago? no peito? na garganta? nos pés? nos olhos de um homem velho cantando amores perdidos enquanto me estende a mão?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

pela passagem de uma grande dor, capítulo extra:

-hj acordei com vontade de te perguntar se......
-fala!
-nada
-fala!
-se vc...
-o que?
-se vc quer...
-ai!
-se a gente pode...
-pode...
-acho que nao sei te perguntar isso...
-tá complicado mesmo! talvez não seja a hora de perguntar... sei lá....
-vc quer sobreviver comigo?
- é... agora a gente SOBREVIVE, né?

pela passagem de uma grande dor: capítulo único

pela passagem de uma grande dor fazemos qualquer coisa, por essa passagem deixamos cair máscaras e certezas, perdemos nosso endereço, mudamos de casa, de casca, digo casa, casca mesmo. atravessando essa rua escura e perigosa podemos cair em buracos sem fim sem nem sentir, podemos nos machucar feio, criar traumas no corpo, feridas profundas, cortes que despedaçam e desfiguram. por esse corredor entre o antes e o depois enquanto ando finco bem meus pés no chão pra não ser vencida pela ventania que se forma nessas zonas de risco. concentro toda a minha força pra continuar, me recuso a olhar pra trás e rever o que na minha memória já está em processo de decomposição. odores da morte, calafrios, desejo de sorte, suor escorrendo pelas pernas e entre os peitos, olhos piscando pra defender a visão pro futuro, silêncio dos berros abafados em travesseiros jogados pelos lados, de todos os lados, ou pra morrer ou pra matar, silenciar, amortecer. afundo bem minha cara num deles e molho o miolo de espuma com a manifestação humana de dor mais conhecida, minhas lágrimas que caem a conta gotas desde o primeiro passo. querida voz do imaginário, me diga por onde sair, me diga que tem uma saída logo alí. por causa de nehuma palavra dita e por causa da solidão eu resolvi por conta própria juntar mais força e correr. nessa de velocidade o túnel que era corredor, que era rua, que foi uma ponte e seria uma passagem de uma grande dor, eu chacoalhei tanto mas tanto que perdi os dentes e as pestanas e fui ficando cansada e fraca, cambaleando, desesperada acabei por raspar o braço direito numa parede cheia de espinhos e perdi um pedaço grande de pele, meu sangue ia fazendo o caminho de volta e até que eu chegasse em algum lugar ele iria parar de escorrer pq foi só o braço. o tempo e o que via ficavam cada vez mais confusos, tortura, muita tontura, não dava pra continuar, era loucura. parei. em volta td ficou mais calmo de repente. o ouvido voltou a reconhecer alguns sons de fora do meu corpo, um barulho de cidade e gente, a perna tremia, aflita engolia o ar que não conseguia respirar, cores tomando formas reais, um sinal verde ficando amarelo, a silhueta de um menino magro e cabeludo, o cheiro do meu suor, tudo me trazendo de volta a uma rua com carros em alta velocidade e luzes como setas que furam o ar poluído do Rio de Janeiro. o relógio da esquina marcava um tempo fixo 23:23, chovia fino, nesse momento ainda não sabia em que ano era essa hora que o relógio marcava. desacelerei a respiração, passei as mão nos dois braços que estavam inteiros, ainda tremia, muito, com a boca seca, seca e cheia de dentes. então mordi os braços, as palmas das mãos suadas. senti o suor então lambi e beijei. estiquei o pescoço pra conseguir ler o endereço, a placa toda metralhada. pensei em perguntar para o primeiro que passasse por mim, mas não soube de que maneira fazê-lo sem que eu parecesse ainda mais louca. que rua é essa? onde estamos? qual o nome dessa rua? vc sabe em que rua estamos? pra onde vamos? calada e sem dar a chance de cruzar olhares, caminhei como os outros, pernas e braços se alternando pra manter o equilíbrio em movimento, concentrada no ar que respirava mais tranquilamente comecei a me lembrar de ter estado ali antes, mas quando meu Deus? mas com quem? até que li algo que me fez algum sentido, mas não a ponto de ser uma pista. escrito na janela de uma van estacionada: III Festival Nacional de Música Instrumental.

domingo, 29 de novembro de 2009

estalo os dedos, agora pego o que imaginei no ar antes de cair e quebrar, ai! não consegui! foi por pouco, é que vc disse alguma coisa que me desconcentrou. uma daquelas frases que se diz como se fosse uma coisa boba mas que tem um leve sabor de vingança e que eu não amorteço. enfim, se espatifou em milhares de pedaços. a vassoura da bruxa má que me tornei ainda tenta trabalhar de forma que possa juntar as partículas do meu maior desejo espalhadas no chão do abismo. até ele tem fim, tem chão e gravidade é o que nunca faltará em tudo na vida. como um gozo interrompido por algo como a morte eu vejo o amor se despedindo precoce.
nem acredito,
nem acredito,
a quem daria esse crédito? a quem de nós?
nesse término

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CAMPANHA DEVOLVA-ME!

SE TE EMPRESTEI UM LIVRO ALGUMA VEZ, DEVOLVA-ME!

SE SOUBER DE ALGUMA ESTANTE QUE NÃO SEJA MINHA E QUE GUARDE UM LIVRO MEU, ME AJUDA! FAÇA CONTATO, ACEITO DENÚNCIA ANÔNIMA, TORPEDO, SCRAP, EMAIL, LIGAÇÃO A COBRAR, TICKET... EU SEI QUE ABASTECI UMA GALERA, MAS APRENDI QUE NÃO SE EMPRESTA LIVRO, MUITOS NEM SÃO LIDOS E QUASE TODOS NUNCA DEVOLVIDOS!!!! EXISTE INTERNET, SEBO, MEGA STORE E TUDO MAIS! SE VIRA AMIGO, MAS NÃO ME DESFALCA! EU TENHO APEGO AOS MEUS LIVROS!




TRILHA SONORA: LIVROS

CAETANO VELOSO

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

REBÚ: última semana e imperdível!!!!!!



Rebú reúne um time de gente doida! mas é doideira da melhor qualidade. como? simples: são todos artistas que vieram ao mundo para isso sem dúvida alguma e não descansaram um só dia. Trabalho, trabalho, trabalho, pesquisa, experimentos, ensaios, leituras, dança, pernas e olhos atentos, generosidade, responsabilidade, muita responsabilidade com a arte, com a vida, com o tempo, das pessoas, deles, do teatro, amor, dedicação, compreensão, garra, ousadia, muita fé! É Teatro expressionista! Precisão e poesia nos movimentos. Os segredos das relações esboçados em gestos que conversam e dizem escancaradamente a dor de cada um, palavras que não podem ser ditas e que foram todas, cada uma delas, imaginadas pelo autor. Jô Bilac é um cara jovem, simpático, doce e discretamente genial, digo assim pq sentado numa mesa de bar, ele é um cara aparentemente comum, não tem um tipo esquisito, nem usa roupas exóticas, não faz aquele estilo que se imagina de artista louco, genial e tudo mais que um grande artista deve ser, mas não necessariamente aparentar, ele é uma maravilha de surpresa! O texto já foi requisitado por jurados de um prêmio de arte para análise, pq não basta ouvir, nem ver, tem que ser lido também, é rico, delicioso, cheio de trama, malicioso, e com toda dor e neurose das personagens ainda consegue arrematar o prazer total do espectador com gargalhadas. Agora sobre o elenco: Carol Pismel como Vladine, minha idéia de futura Fernanda Montenegro. Paulo Verlings que me confunde com o sedutor às avessas, mimado, carente, misterioso de Matias. Julia Marini, outra maravilha de surpresa, forte, linda, bailarina do desespero de Bianca. E Diego Becker, bode, pode? Pode! Sutileza e maestria num papel tão surreal, do bode Nataniel. Animalização do homem ou humanização do animal? Diego é quem escolhe! Infinitas as considerações sobre esse espetáculo que tem a direção impecável de Vinicuis Arneiro, também jovem, discretamente brilhante e muito elegante! Acho que essa turma toda é uma maravilha de surpresa. São todos discretamente arrebatadores, juntos incendiando cenas.

Teatro da Cia dos Atores, na escadaria da Lapa, primeira casa à direita! as 20:00h de sab à segunda, 20 reais!

domingo, 22 de novembro de 2009

um poema perdido
como uma pílula desceu até meu estômago vazio e ali se achou
como quase tudo que mora dentro de mim vai crescendo
acordei hoje com essa coisa me doendo
me chamando pra trocar algumas palavras sobre nós
mas tá tudo tão embolado
e a massa que em mim fermenta a angústia não se aguenta
é escandalosa, de lua, tagarela, ciumenta!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

vai chupar um picolé! melhor coisa nesse calor...

aprendi a gostar de estar só, sozinha, desacompanhada, independente, livre, solta, solteira....sem coleira, sem chatice, sem falsa meiguice, sem cafonice, caretice e AMORZINHO É O CARALHO!

olha que lindo que escrevi pra vc... me esquecer:

o amor é importante, repousando numa estante
o amor é fundamental, mas longe do meu quintal
agora vambora!
vai brincar lá fora, vai!
se arranque daqui seu moleque, se arranque!
toma aqui essa moeda, seu merda!
vai chupar um picolé, seu mané!

Nú!!!!! Nó!!!!!!

NÓ!!! EXCLAMA MINHA GARGANTA APERTADA! NÃO É NÓ DE MINEIRO, NEM DE CARIOCA, É UM NÓ DE GENTE, EU SOU GENTE! EU TENHO UM NÓ NA MINHA GARGANTA! E NÃO POSSO GRITAR O QUE ME ENFURECE PQ PERDERIA O SENTIDO NUM MUNDO DE GENTE ESTRANHA. QUE FEIO! NÃO ADMITO NENHUMA GENTE QUE JÁ TENHA VIVIDO 30 ANOS E AINDA NÃO APRENDEU A TER DIGNIDADE. NÃO É HOMEM, NEM MULHER. É GENTE QUE NÃO TEM NADA A VER COM A MINHA GENTE. ESTOU CHEIA DE PRECONCEITOS! NÃO ME ESFORÇAREI PRA ENTENDER CERTAS ATITUDES QUE DE TÃO GROSSEIRAS NÃO ME PARECEM SEQUER COISA DE GENTE, DE GENTE DE VERDADE, DE GENTE GRANDE.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

PRA VC ou DÉBUT ou A MORTE

poupe o amor
pelo amor de Deus
se lembra daquele tempo?
um monstro feio o matou
devolve um pedaço?
comi as palavras que cortariam pra sempre a minha boca
na esperança de não torná-las reais, me esqueci que antes, bem antes do nome de cada uma delas, existe um equivalente em dor, em sensação, em noção, em idéia, bem vivos e nascentes no fundo de mim
erramos os caminhos confusos da longa distância, pegamos mãos erradas por aí
minha cabeça dói, o jogo do amor é labiríntico demais, tonta
tonta

terça-feira, 27 de outubro de 2009

- sabe, não estou me sentindo muito bem...
- isso é um bom sinal!
- como vc é otimista!
- sinal que vc está voltando!
- eu não sou uma deprimida!
- voltando pro mundo real!
- eu não estava fora dele!
- de qualquer forma eu ainda penso que é um bom sinal...
- acho que sei onde vc quer chegar...
- não é nada sério
- é muito sério!
- até deixar de ser
- hj mesmo deixou de ser
- o que aconteceu?
- tô morrendo de vergonha e culpa por causa de um sorriso falso que dei pra alguém mais cedo. na verdade com um sorriso eu contaminei várias pessoas ao mesmo tempo e por isso meu constrangimento está quase num nível insuportável. a cena se repete e eu me arrepio nas canelas, é possível?
- nas canelas! mas essas pessoas não se importam tanto, acredite!
- mas eu me importo! e não posso fazer nada com isso, eu sei. vai ser mais um entulho pra guardar na gaveta das merdas que faço.
- como vc é dramática! isso é tão bonito!
- posso te dizer qual é o seu problema?
- claro! até agora só falamos de vc...
- pois é! conhece aquela frase: pimenta nos olhos dos outro é refresco?
- nossa! nossa! caramba! vc está reagindo!
- esquece!
- vai lá... manda ver! eu quero saber o q vc entende de mim.
- não entendo porra nenhuma de porra nenhuma!
- calma, vamos tomar um porre?
- eu parei com isso. tem uma semana que eu não bebo nada.
- que besteira...
- tá bom, bora beber um pouco que tá mó calor mermo!
- outra coisa: é patético sorrir como vc fez hj. kkkkkkkk!
- filho da puta! um dia eu enfio uma câmera de video na tua cara e faço vc dar esse sorriso fácil, fácil, depois coloco no youtube!
- já sei! vc detestou o teste de hoje.
- não cheguei a detestar, mas saí com uma sensação escrota. pensando que o pior do ator é quando ele precisa mentir pra ele mesmo.
- não precisa ser um ator...
- ....mas já que vc é um ator, fica pior ainda, NÃO TEM DESCULPA!!!!
- fala baixo!
- eu quero saber onde eu perdi a minha cabeça!
- vc perdeu sua cabeça dentro dela mesma. mais uma que se encolhe nesse mundo de perdidos.
- isso foi uma tentativa de piada? vc quer me fazer rir, que fofo!!!!
- deixa disso, vc sabe que eu sei das coisas
- que coisas?
- vc sabe
- ai, não sei de porra nenhuma!
- tá bom eu tb não sei de porra nenhuma, cerveja ou vodka?
- cerveja
-ok
- concordamos?
- com o que?
- vc tb quer cerveja?
- sim, quero!
- deixa que eu pago hj, ta?
- fala sério!
- tô falando, hj eu posso, tinha cachê teste!
- uau! tá bom, amanhã eu pago então.
- fechado, mas amanhã eu quero saquê!
- maluca cara- de- pau!
- saúde, cara!
- saúde!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

com os dedos dormentes e a vista embaçada
misturo tudo o que vejo num canto que sobrou da mente cansada
é guerra! é sangue! é morte!
é instante!
desculpa a falta de sentido
é justamente isso que não posso ver contigo
alerta a lente desperta
aos poucos como quando os pés deixam de formigar
então voltam a andar
na nitidez que puderem por essas terras nada firmes
me levando ao seu encontro
tombo
levanto e
conto
escute bem
vem de dentro de você também
me olhe no seu espelho ao acordar para ver a saudade te ganhar

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

motor- novo corte!

meu sono dessa última noite parecia uma sessão da Maratona Odeon, com direito a muitos curtas, surpresas e overdose de cenas das mais fantásticas. em vários formatos e matrizes, atrizes, narizes, em cheiros, em preto e branco, enfim... o mais emocionante foi o filme em que eu encontro uma máquina de escrever antiga, uma olivetti preta, ou foi um caderno com folhas escuras de velhice? forço a memória e agora não tenho certeza, mas o caderno teria a capa marrom e as folhas quebradiças nas pontas, pois mesmo ainda não escritas mãos as tocaram uma vez procurando palavras e deixaram ali uma umidade ressecada. eu então ali, no sonho, diante do caderno ou da máquina começo a escrever uma história que não é minha. invento fatos mirabolantes e entre as minhas linhas de sangue quente tudo passa a correr mais rápido! mas é tão rápido que eu nem posso saber agora sobre o que era a história, só tenho clara a sensação. sentia muito prazer por ter voltado a escrever quando acordei assustada. foi o barulho do cortador de grama. um barulho de motor violento. um corte violento.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

cala a boca!!!

eu so acredito no tesao. o resto e sacanagem. sem acento e sem contestacao!

sábado, 19 de setembro de 2009

palavras que não sei dizer

na mesma quantidade de vezes que minhas pernas se cruzam numa corrida longa confundo até o seu nome com o meu e ouvindo solos de guitarras não sei mais que peso tem a sua mão, nem a cor dos seus olhos, escureceu pra mim o dia da vida. estou passando pelos tempos chegando perto do depois que não vem.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SILÊNCIO

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

coisa que eu mais amo é o cinema
ontem vivi por ele, fui até o final do meu dia pq queria me lembrar de tudo o que estava me acontecendo, exatamente como acontecia, para escrever um roteiro
seria o melhor filme de separação de todos os tempos
o título já foi criado para uma peça, deveria se chamar Dois perdidos numa noite suja
na calçada suja, com as mãos sujas, bocas sujas
que falaram palavras sinceras
o amor é uma ponte que quebrou?
e se ele não é a ponte mas ela quebrou?
ele arruma um jeito de voar? ele vai por água abaixo de vez?
palavras de uma música que um anjo me cantou hj, dia seguinte
hj é só o dia seguinte e os próximos serão os próximos

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

últimas palavras antes de sair correndo: seja lá quem vc for eu te amei como se fosse uma pessoa tão próxima e tão conhecida que até achei que vc existia. essas palavras tolas são as únicas que me acontecem agora. a vida é uma loucura. não precisamos de leis, acordos, educação, ética, ciência nem das palavras. o que me move é o desespero de não querer me afundar sem saber onde. fui!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

filme de hoje:

cena 1:
acorda assustada, lava o rosto, come uma banana e se prepara pra correr (está se sentindo gorda, fraca e pálida. pensa em ir à praia, mas não confia no sol)
cena 2:
escuta jazz enquanto fixa os olhos nos números das calorias perdidas, não chega a 90 e está desesperada, segura firme nos braços do aparelho da academina, parece ter medo de fazer a coisa sair pela janela ou de desmaiar
cena 3:
alonga debaixo da água quente do banho, disfarça pra si mesma um choro, usa 4 sabonetes diferentes, mas hoje, só tinha o de lavar calcinha!
cena 4:
se lembra que não tem mais computador, dinheiro, namorado,carteira de motorista, de estudante, então gira a própria sorte quando enche o peito de ar e de uma certa coragem e vai pra luta
cena 5:
com a cara fechada e o resto todo do corpo caminha até um lugar que não tem mais utilidade, parece que esqueceu de lembrar, parece que ligou o automático e saiu da fábrica apertando parafusos no ar, parece que não importa mais o que é real
cena 6:
ainda na mesma calçada perto desse tal lugar que não tem mais importância, ela cruza com um senhor que faz sinal de oi com satisfação e simpatia, sabe que não o conhece, mas retribui, quando se aproxima mais ele estende a mão. ela dá a sua mão pronta pra dizer que sinceramente não o reconhece, então ele pergunta sorrindo: VOCÊ GOSTA DE PASSEAR? o ódio do mundo enfim tomou conta dela que disse NÃO!
cena 7:
chega no tal lugar e vai direto ao banheiro para lavar as mãos, no tempo de cantar duas vezes o PARABÉNS PRA VOCÊ, ela tinha acabado de ler uma entrevista sobre o último filme do Woody Allen no qual um dos personagens acredita ser esse o tempo ideal para se livrar de todas as bactérias e afins
cena 8:
faz cara de quem está indo resolver algo sério, segura uma pasta preta, cheia de documentos e protocolos em branco.
as próximas cenas não devem ter acontecido, pois durante um tempo ela esteve no tal não-lugar sem importância
última cena:
sai do teatro com uma música na cabeça: PARECE FÁCIL, MAS É DIFÍCIL, UM BELO DIA APRENDERÁS! ÁS, ÁS! viu um ator de 25 anos de idade que nunca tinha cantado roubar a cena de um musical com elenco numeroso em talentos. o nome dele é RODRIGO PANDOLFO e ela não o inveja, ela o ama e se assusta com esse ator invisível, pq ele é a imaginação do autor em pessoa! ÁS ÁS! parece fácil, talvez pra ele seja, que confusão! APLAUSOS! e ela vai dormir.
FIM

terça-feira, 25 de agosto de 2009

de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa

saudade de mim

saudade de ter o que escrever, de repente sequei por dentro e molhei tudo por fora
lágrimas desconhecidas
me aborreço com bobagens
me esqueço da coragem
quero ficar muda quero ser surda quero acordar nua quero rua, logo canso quero meu cobertor velho peludo e escuro que guarda meus segredos, meus cabelos, me esconde
quero o silêncio da solidão, o vazio assumido
quero assumir o vazio
quero
no rio escuro onde boia meu corpo desembocar no mar
furiosamente, sem aviso
nessa noite sem estrelas
estão dormindo de mim
sonhando comigo
eu que quase não existo
e que não tenho mais juízo

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

MONOGRAFIA COM ZINCO

que cheiro de lixo! isso me acontece agora! monografia também. no plano real, hiperreal, nos sonhos, no estômago, na pele! clarice, artaud, bergson, ferracini, chama a galera pra me ajudar, é muita citação, não é pra encher linguiça, aliás é com trema? não existe mais! e as normas? esquecendo alguma coisa... subjétil ou subjéctil? não me lembro uma palavra melhor, me dê sinônimos para corpo, para energia, para então, para assim, pára! através, do, pelo, a partir... com o qual no qual me inspirei, me motivei, me comi, nem comi, me ferrei!

domingo, 2 de agosto de 2009

pense comigo:

é tudo normal.
é tudo normal?
é tudo normal!
é tudo normal...

por maior que seja a sensibilidade

talvez pq quanto mais sensível maior o espaço pra aceitar todas as possibilidades do mundo

por maior que seja o coração
ainda assim ele dói
em algum lugar bate ruim
pois ele por maior que seja não é sem fim

PORTAL

o cheiro do passado é violento
piano, resto, cabelo, pó, poeira e vento
algum lugar desses que foram com o tempo
esteve por perto no domingo cinzento
choro por dentro
lamento
lá onde ninguém pode ir
em nenhum momento
lá onde eu invento

ruas sem fim
sem poste
sem morte
vida em preto e branco
30 quadros por segundo
um outro mundo
tenho um ouro no braço
com a lua ilumino o escuro
coração aberto, no meio um buraco
e do outro lado do muro
a cor, a fumaça quente, a desgraça presente.

sábado, 1 de agosto de 2009

uauauau!

ouvindo por aí: "Estou levando a vida como cavalo na parada de 7 de setembro: cagando, andando e sendo aplaudido!"

partidária de qualquer movimento em prol da poesia e de sua importância no cotidiano, dou espaço ao manifesto dos poetas Geraldo Carneiro e Salgado Maranhão:

Os Desmandamentos, por Geraldo Carneiro e Salgado Maranhão:

(Este manifesto se rebela contra a banalização indiscriminada da poesia e a palavra aviltada pelos demagogos, e é dedicado aos que julgam que ela não é passatempo de diletantes, mas artigo de primeira necessidade.)

1- Mais uma vez virou moda dizer que a poesia agoniza, ou que a poesia morreu. E de fato ela sempre esteve morta para os não-poetas. E morreu também com Homero, com Dante, com Camões, com Baudelaire, com Drummond e com tantos outros, porque cada poeta é uma via, um beco sem saída. E a poesia é sempre plural: é o lugar dos paradoxos (viva Shakespeare!), do não-senso (viva Lewis Carroll!), mas também é o lugar da verdade. Quanto mais verdadeiro, mais poético, como dizia Novalis. Mesmo quando um poeta faz as suas conficções, acaba em verdades metafóricas. E, nestes desmandamentos, afirmamos que a poesia, quanto mais remorre, mais renasce.

2- É a linguagem que produz a realidade e a poesia. A poesia não tem camisa-de-força conceitual. Aos funcionários públicos da vanguarda, que se acham herdeiros do legado, ela finge que se dá, mas é só o discurso vazio do chefe da repartição.

3- A poesia é um problema sem solução. Felizmente. Ninguém tem a fórmula mágica, ninguém tem respostas para todos. Cada leitor que invente o seu mundo, e o desinvente a seu bel-prazer. Semelhante à culinária, cada qual que ache o seu tempero. Se for significativo, o erro vira estilo. Ou vice-versa.

4- A poesia pode tudo, só não pode ficar prosa ou senhora da razão. O novo não é reserva de mercado, nem nasce a priori. Há que se romper limites, correr riscos, ter lucidez na loucura. Mesmo que seja pelo avesso. (E, cá entre nós, não adianta ficar o tempo todo buscando o absoluto, porque isso já ficou obsoleto. Ao fim de tantos levantes, sejamos, também, irrelevantes.)

5- A poesia não é para quem a escolhe, mas para quem recebe o choque elétrico da linguagem. Não é poder ou privilégio, é um defeito que ilumina. Não vale transporte, não vale refeição, não vale copiar truques ou seguir tutores. Nem apelar, como os demagogos, para o amanhã. Mesmo porque já não há mais Canaã no Deserto dos Sinais.

6- Poema não é cadáver. É um artefato musical que sempre canta, mesmo quando tem horror à música. Quem busca entender o poema apenas cientificamente, dissecando sua morfologia como quem faz uma autópsia, perde a viagem. Conhecê-lo é entrar em seus labirintos, sem separar o corpo de sua subjetividade.

7- Não queremos a poesia prisioneira de uma única arte poética. Seremos clássicos e barrocos; pós-modernos e experimentais. Qualquer tema é e não é poético. Desde os pit-boys de Homero até a aspirina de João Cabral. Com talento, mesmo as formas antigas podem ser recicladas. Sem talento, nem com despacho na encruzilhada.

8- As influências, em geral, são bem-vindas, a não ser quando alijam a voz própria. Há poemas com tantas citações que, se extrairmos o que é dos outros, não sobra bulhufas.

9- Os conchavos e panelinhas fazem parte da natureza humana. Cada grupo tem o direito de inventar os seus heróis, para admirar a própria imagem no seu espelho narcísico. Mas o vôo do poeta é só dele e, sobretudo, da linguagem. A linguagem é o orixá, o poeta é o cavalo do santo. Ninguém é mais do que o que pode ser.

10- O problema da poesia não é só fazer bem feito, mas fazer distinto (no duplo sentido, que implica tanto em diferença, como em elegância). Ela é um exercício vital para manter o vigor da palavra. A poesia não é só questão de verdade, mas de vertigem. Por essas e por outras, é que somos poetas da vertigem: vertigem-linguagem, vertigem-vida.

Último desmandamento:
Pode jogar no lixo todos os desmandamentos anteriores, a não ser que haja sinceridade na poesia. Quem quiser adorar bezerro de ouro, que adore; quem quiser viver de pose, que mantenha sua prose. Mas que haja espaço e fé na poesia. E que ela continue a fabricar futuros, e, como fênix, se destrua e se reconstrua por toda a eternidade e mais um dia.
blog: literatura de DDA para DDA

sexta-feira, 31 de julho de 2009

preciso de um editor! antes disso, preciso trocar a pessoa dos textos!
com a idade a gente vai ficando tão temperamental, não é? é que depois de algum tempo parece que deveríamos ter certos direitos, como: não ser enganado, não ser interrompido, não ser telefonado nas horas impróprias (antes das 10 da manhã e depois da 1, sendo boazinha), ah, 1 milhão de coisas! ah, gente inconveniente tb, e desconhecida então é duro de aturar pq daí não tem nenhum desconto, não tendo nenhum afeto... é uma lista interminável de coisas que não queremos mais viver e que são cotidianamente praticadas e repetidas até que nos levem à loucura, ou simplesmente aos surtos ou mesmo aos ataques de pelanca! hahahaha! essa palavra é terrível! a gente vai ficando assim, sem paciência e indignado pq acumulamos muitas experiências desagradáveis ao longo da vida, como pontos em cartão de fidelidade de uma empresa qualquer e assim alimentamos secretamente uma fantasia de que temos crédito com o universo e que não deveríamos estar sujeitos à certos desconfortos. eu me sinto uma velha rabugenta hj, ok!

MEDO DA MORTE

eu tenho medo da morte, apesar de achar que ela não é o fim de tudo, mas pelo menos o fim disso aqui que às vezes espanta tanto e incomoda. não sou uma suicída em potencial, mas não nego que por vezes eu imaginei que seria melhor desaparecer acidentalmente. bom, eu sei que é terrível expor aos amigos uma coisa dessas, por isso peço licença à poética, não serei mais direta do que isso! penso sim, mas temo! muito! estou com suspeita de gripe suína, me sentindo uma porca pesada e pronta pro abate. caminho devagar, cheia de dor e com o coração acelerado, pq mesmo tendo pensado em sumir acidentalmente, o que pressupõe o imprevisto, sempre fui um pouco hipocondríaca, um pouco. creio que ninguém me viu andando pelas ruas com a máscara do Michael Jackson. então, só posso concluir que não adianta nada ter medo pq a gente não se protege e pq as coisas acontecem! pelo menos camisinha! amigos, lembrem da camisinha, pelo menos! o entregador da farmácia pegou o cheque da minha mão todo sorridente e sem máscara!!! eu vi perfeitamente muitos dos seus dentes! já imaginou que esse ser ignorante tem contato diário com um monte de porcos? ele alimenta com remédio e contágio essa porcaria! não acredito! em nada! em casa, não acredito!

terça-feira, 28 de julho de 2009

a vida não é brincadeira não!

...ou resumindo e acrescentando:

Samba da benção

(Vinícius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não

Senão é como amar uma mulher só linda; e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado,
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher,
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E para ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não...

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração


é bonito demais, o samba que cura, a saberia do poeta , a vida que é linda, a mulher que ama, o homem que diz vou e vai e o coração negro, eu respeito!

toda curiosidade do mundo!

gasto muito
gasto sorriso
gasto a sandália
gasto gestos
gasto abraços
gasto dinheiro
gasto passos
gasto palavras
gasto gargalhadas
gasto caras
gasto samba
gasto gente
gasto riso
gasto dor
gasto o corpo
gasto tempo
gasto energia
gasto alegria
gasto paciência
gasto coerência
gasto simpatia
gasto com a cara dos outros
gasto com a minha cara de gringa
gasto caloria
gasto saudade
gasto caridade
gasto sabedoria
gasto mentira
gasto atenção
gasto coração
gasto mente
gasto com minha ginga
gasto camaradagem
gasto malandragem
gasto cumplicidade
gasto com minha idade
gasto minha curiosidade
do mundo
gosto de gastar
minha conta é alta
talvez não saiba como pagar
mas pago
gasto até o que eu não tenho
e só lembro de precisar ter quando gastei e faltou
- o que vc está falando? paradoxal é vc! acabo com isso agora, quer ver? eu sou uma mulher no mundo!

a lógica do robô

Ana (espantada): Tá todo mundo louco! Né?
Paula (afirmativa): Berinjela.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

romance

eu acredito em muita coisa e agora tenho certeza de que quando vc pensa muito em alguém, esse alguém tb pensa em vc, pode ser de forma diferente, mas pensa! é uma lei da metafísica, é sério! ah, não importa a distância e é quase instantâneo, com um intervalo muito curto entre os pensamentos. essa semana eu tive 3 confirmações e não duvido mais! adivinha em quem estou pensando agora? será que é em vc?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

os meus pensamentos mais profundos só chegam até mim através do eco que provocam aqui dentro. como um mantra que se repete e se repete até que eu consiga ouvir o que realmente me acontece. esses pensamentos sou eu, livre de mim mesma.

terça-feira, 21 de julho de 2009

eu comecei a pensar que, boa frase para começar um texto, principalmente quando não sei bem pra onde ele vai, pois é... que, que existem muitos motivos para chorar e muitos outros para rir e eu tenho preferido rir. então aquele que me faz sofrer é um palhaço! melhor: um grande ator! de filme de doriana e ainda me chama de marciana! ouvindo Billie Holiday no carro me sinto tão inatingível! tão chic, não posso dar um xilique! silêncio, queixo levantado, olhar cansado e pernas firmes, vou andando na direção do orelhão, ligo e digo: eu não nasci pra isso, meu filho! depois volto pro meu Opala 68, meto bala e vou pra outras curvas de outra estrada, longe das tuas!

sábado, 18 de julho de 2009

arame farpado

tem uma pedra tão bruta e negra perdida dentro de mim
dói
eu mesma a engoli.
agora como faz?
não deve ter erva no mundo
que arranque
devia ter cortado pela raíz
que se dane
ainda tenho o tempo
mas por enquanto lamento

sexta-feira, 17 de julho de 2009

dorme aí e fica numa boa, hj eu escrevi um texto importante baseado na nossa história
me atrasei pro trabalho
esperei vc ligar
quando vi já reclamava de tudo sem vc me ouvir, a merda da insensatez
ela é admirada por outros e detestada por mim,
pq só eu sofro com isso e depois me exponho
que idiotice!
amor, amor, amor
tantas faces vc tem
tanta distancia
me condena assim a viver em rodopios no salao em companhias desconhecidas
que me levam onde nem quero ir
sinto falta da sua mao
fecho os olhos e vc aparece, nítido, tímido
homem
que palavra forte
é a primeira vez que te escrevo com toda a carga que é
HOMEM
com H
com todos os problemas e diferenças
eu sei que não é fácil ser
mas admiro e quero ver até onde vai
segura minha mão

pois é!
recebo um pedido de casamento
escrevo sem freio o que me aconteceu hoje quando de repente tantas frases me fazem sentido e eu não sei o que fazer com isso
recebo presentes, mensagens e sorrisos
sinto saudades de quem está perto, de quem está longe
converso sobre estruturas complexas da personalidade de quem amo
me lembro do quanto é gostoso o meu amor, aquele homem
danço uma dança de cinema
escuto o passarinho cantar
nenhum milímetro, no chão, de descaso
nenhuma resposta pro meu coração
a pena de ser uma pessoa só
o consolo e a certeza de ser uma atriz
anônima na minha dor
autora do meu drama
queria ser taxista
adilson você se diverte, me leva pra casa e não precisa correr
eu fico tonta
canta mais um pouco daquela música brega
a noite é uma criança e eu vivo a vida em rosa, que merda de tradução, por pouco tempo
lá, la ra la ra lará...
coisa de quem quer dizer que o final da noite vai ser no arco- íris e não no final do arco- íris
porque os sinais são das cores verde, amarelo e vermelho e nenhuma delas me faz parar
eu vou indo assim
alguma sugestão?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

7 pecados capitais, na minha versão

sabe qual é o cúmulo da falta de sexo? é se entupir de sorvete mesmo morrendo de frio, só pq é o único doce que tem em casa! um pecado substitui o outro, à vezes! sabe qual é o cúmulo da preguiça? não sei! hahahaha, não posso sentir preguiça, é pecado! e sabe pq eu invejo a felicidade do outro? pq tem dias que invejo até a apatia de um cachorro velho e abandonado! mas isso é só de vez em quando, eu sei o meu valor. sou uma mulher bacana, amigável, confiável, linda, inteligente, charmosa, educada, bem- humorada, adorada pelos amigos e familiares e cheia de vida! ainda não consegui juntar o dinheiro que preciso para viver bem nos próximos anos e por isso não dou nenhum trocado não! pra ninguém! pq afinal eu posso precisar! dinheiro mais sai do que vem, então desculpa aí! pago a cada esquina 2 reais pra estacionar o meu carro! aliás, isso me deixa irada!

para uma amiga cansada, BABA BABY!

sem tempo sobrando para nada
o relógio que marca a hora sempre errada
alertou do outro lado da rua a cena esperada
corro, perco o medo de me perder e de perder
aquele desejo de maluco
queria o sabor do arco- íris
pois apenas era colorido
aquele garoto
quando meus olhos o procuravam
por aí, tão perto e tão longe
dentro de algum ônibus, um bonde
sem carteira, sem dinheiro, assustado, atolado, complicado
sabe que quando chega a hora certa, uma vez ela vem, é bom também?
sabe que perder a linha na rua é encarar o que de fato é a nossa história?
breve, breve, e vai embora!
vai como uma gota d'água evapora no asfalto sob o Sol
que me bronzeia depois a pele
que me ilumina o pensamento
que me devolve aos meus próprios braços
que me renova a energia cansada de você
cansei!!!!!!!

Viagens Extraordinárias de Yves Saint Laurent

de todos os vestidos daquele salão
queria o de tecido com cor de céu nublado
braços e pernas longas, rosto firme
sem linhas de expressão
tão branca a estátua da mulher desejada, muda
invejei aquela morte no holofote
e se a deixo nua?
e se começa a andar e falar?
eu grito de pavor e morro também só de pensar
de esqueleto, graciosa a pose, de gesso
arrisco um olhar mais próximo
e me descubro tão parecida
na atitude plácida, na rigidez
acordei com o estalo do espelho quebrando minha estupidez

segunda-feira, 13 de julho de 2009



Mario tirou essa foto de mim, no Leblon, no inverno e acho que combina com o blog

sábado, 11 de julho de 2009

de vinícius e baden, a minha trilha sonora nessa noite de chuva e show de roberto carlos logo ali, na esquina da minha casa:

Quem é homem de bem
Não trai!
O amor que lhe quer
Seu bem!
Quem diz muito que vai
Não vai!
Assim como não vai
Não vem!...

Quem de dentro de si
Não sai!
Vai morrer sem amar
Ninguém!
O dinheiro de quem
Não dá
É o trabalho de quem
Não tem!
Capoeira que é bom
Não cai!
E se um dia ele cai
Cai bem!...

Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará...

Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar

Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu

quinta-feira, 9 de julho de 2009

tem um pobre ligando pra mim

- amiga, eu te amo, eu tô doidão e quero ligar pra todo mundo!
- lindo, eu tb te amo, mas vê se coloca crédito no seu celular!

o que vc quer dizer com isso?

o tempo tá curto, mas alguma coisa acontece no meu coração...
ele bate urgente, meus nervos estão atacados e minha mente uma metralhadora de imagens das mais variadas, tudo de bom e de pior que pode existir brigam lá dentro. o que será que deixo escapar disso aqui nesse momento? talvez apenas um rápido relato, frio demais para a temperatura que sinto no corpo enquanto escuto um riso frenético que vem da rua. me atordoa. uma pessoa sofre profundamente e gargalha. não é justo e não estou triste.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

...ou não...

saudade até que é bom. demais pode até matar, como tudo na vida. e tem aquela frase que eu adoro: a melhor qualidade de uma pessoa é também o pior defeito. ou não...

"ser boa comigo e com os outros ao mesmo tempo não deu, não deu"

A ALMA BOA DE SETSUAN
texto: Bertold Brecht
direção: Marco Antonio Braz
teatro sério que faz rir, uma aula de teatro e um tapa na cara, no shopping da Gávea!
ótimo elenco, atenção para o ator KIKO MARQUES! ele é muito bom!

domingo, 5 de julho de 2009

ouvindo por aí

caminhando no Largo Otto Lara Resende, esse que disse que o mineiro só é solidário no câncer, surgiu:
- animal é foda, não dá pra confiar.
- que nem baiano!
- oxe!?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

pq uma lágrima escorre não quer dizer que sofro
pq outra e mais outras surgem não quer dizer que sinto dor
toda a verdadeira felicidade traz a lembrança de momentos difíceis superados,
nada é somente feliz ou triste, existe a esperança, existem entrestados

sexta-feira, 26 de junho de 2009


A CÁSSIA KISS, É UMA FADA!
O ELENCO IMPECÁVEL NUMA MONTAGEM DELICADA E PRECISA FAZ ARTE, ARTE E ARTE! eu agora acho que vou começar a listar o que ando vendo de bom, assim eu catalogo pra mim e faço propaganda pra quem merece! a peça é uma das mais autobiográficas do autor que teve uma vida familiar conturbada
A peça tá no MAISON DE FRANCE
às sextas, sábados e domingos
texto: Tennessee Williams
direção: Ulysses Cruz

VC PENSA QUE NÃO É LOKI?

FILME LINDO! EU NÃO PÁRO DE PENSAR NESSE CARA, COMO É POSSÍVEL?
produção do CANAL BRASIL, o documentário é impressionante, pq Arnaldo é um caso raro de gente, de artista, já tá nos cinemas!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

eu adoro um ponto final, também gosto de vírgula; me atrapalho quando me emociono.
fico pensando que sem intervalo entre as coisas todas que existem seria impossível que viessem dias e dias, um após o outro. fico pensando que tudo seria a mesma merda e que eu seria uma ameba. que a remela do meu olho seria a carta de arrependimento de um pai que negou um filho lá do outro lado do mundo, que meu suor seria a saliva do Obama e que ele não teria esse nome e que a barba do Osama seria o colchão onde deita meu amor perdido por aí, por causa de tantas vírgulas e pontos finais.
uma voz feminina me sussurra que devo fazer ao menos 13 tarefas por dia
depois me confunde pronunciando palavras como DANÇA, VIDA, ABRAÇO, LAÇO
será da mesma fonte que me jorra tantas recomendações?
eu até esqueço que escovar os dentes é importante também, memória seletiva
e de vestir blusa quente em dia invernoso ou numa saída à noitinha sozinha
ventinho, cabelinho arrepiado, dou 13 passos exatos
chego ao bar da esquina onde me sento e começo minha sina

costumo falar com os meus botões
não é só pela solidão
a verdade não faz barulho
e é só
eu vi uma porta abrindo, não vi ninguém, eu vi a porta, era escuro e por ela entrava e saía uma luz fortíssima, eu vi a porta do lado de dentro ou de fora? ela abriu de repente e eu estava ali. eu vi aquela porta. era uma porta. eu vi.
na cabeça de repente
tempero o drama com sabor perigoso
cultivado e remoído
depois vendido no atacado
pra tudo quanto é lado
ai, Zeca, não vou não
não vou morar com você em Babylon
remédio pra quê se não sei o mal?
vamos podar a planta
vamos plantar banana
bora cortar a cana
me chama de canto
me ama um tanto
só enquanto descansa
agora me deixa
não sou sua gueixa
nem ligo pra isso
Zeca, levanta da grama
vê se pára com isso
que a vida é lama
Zeca, a gente não tem grana!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ai, e agora?
nada a fazer....
ok, estou esperando Godot!
tenho uma idéia
qual?
vamos ao Maracanã gritar ah eu tô maluco!!!!
mas ele vazio?
ele vazio
só nós duas
eu grito pimeiro
tudo bem depois sou eu
e depois eu
e depois nós duas juntas
tá bom

terça-feira, 16 de junho de 2009

quase um século de loucura infernal e nada libertadora, não abri de vez a porta da salvação pela danação da mente. volto a ver que tenho pés! que pisam no chão! respiro até a ar fazer o caminho completo e necessário. enfim... aguardado alívio!

domingo, 14 de junho de 2009

nao acredito até o blog me trai!!!!! MERDA TAVA TÃO LINDO

m, O QUE VAMOS FAZER? AGORA EU PRECISO IR, E VOU, ME ESPERA E CONTINUAMOS QUEM SABE AMANHÃ, DAQUI A POUCO!

CARALHO, PERDEMOS!

POIS É POIS É POIS É

MERDA!

terça-feira, 9 de junho de 2009

DIÁLOGO

- Por aqui...quem vai dizer o contrário? está tudo bem! não vê? tudo na mais perfeita ordem, tudo nos conformes!
- Que bom...
- Estava pensando em de repente será que um dia desses você, é claro se estiver livre, será que tem vontade de ir ao cinema comigo no meio da tarde? acho tão melhor ir no meio da tarde, sabe? é que durante a sessão dá até pra fazer um lanche e tb fica vazio, me sinto quase em casa, é um privilégio estar numa sala de cinema com poucas pessoas, não acha? uma vez eu fui sozinha ver um filme que eu participei como atriz. eu estava só, estávamos sós. era tanto silêncio que comecei a ficar com medo. medo de espírito, as salas de cinema e os teatros vazios têm uma atmosfera meio assustadora, já percebeu? os artistas que morreram têm apego a esses lugares e vivem perambulando entre nós, sempre me acontece um arrepio, um vento na nuca. depois pensei também que poderia ter um maníaco me espiando no escuro pronto pra me atacar. o medo é emocionante! ainda bem que eu só estava nas primeiras cenas do filme, queria mesmo era me analisar então levantei e me preparei pra sair dali o mais rápido possível, quando vi um cara entrando com pressa, pois estava super atrasado. ele sentou e eu fui embora.
sem saber pra que lado ir, atravessando as ruas sem destino furando o espaço de quem sabe melhor o que fazer com as pernas, as histórias possíveis me transtornam. sinto o prazer e a dor de estar na condição da liberdade total. o ônibus é bonito. que criança engraçada! a infância relembrada e ainda desejada e a simplicidade de respirar e andar devagar, observando detalhes tão bobos, uma flor de cor violeta no chão. o ímpeto de transbordar a liberdade nos gestos me atordoa, não quero deixar de ser gente e sei que não sou a única, mas todos juntos esperam que sentemos à mesa e comamos enquanto a tv despeja discursos violentos, informações absurdas. enquanto comemos comentamos, a vida dos outros e o silêncio constrange, que pena que o silêncio constrange, queria ficar ao seu lado respirando com calma o seu perfume sem nenhuma palavra por falar. dizer, eu digo quando te olho, mas não me vê, então é no silêncio e no escuro que mora o meu amor por vc.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

uma lágrima que cai no escuro

no mapa das pintas
possíveis caminhos
percorrem meus olhos
avoada, alvorada
pintando desenhos
passeios, rodeios,
traçando acanhada
destinos amigos
eternamente
difusas ou precisas
as infinitas pintas
que não sei contar
em números provocam
inúmeros desejos
calados em mim
quando vejo
os lados do mesmo
são rápidos os cortes
vc partido ao meio
com seus gestos fortes
eu caída de medo
metida a valente
vasculho seu peito
que bate cansado
no leito confuso
depois do amor feito




quarta-feira, 3 de junho de 2009

para acabar com o nosso próprio julgamento

é preciso se livrar de muita velharia
comprar lentes de aumento e olhar tudo de novo
beber o elixir de juventude mesmo sendo ainda jovem
lembrar que nasceu sozinho e vai morrer também
pensar que o pipoqueiro da esquina é feliz
sentir a compensação por algum esforço como uma droga
rever antigos e importantes amigos
esquecer das merdas que saem da sua boca, afinal vc não tem controle sobre tudo no mundo
tantas e tantas coisas
para acabar com o nosso próprio julgamento, só o tempo
depois de anos sendo a mesma pessoa pode ser que canse

sexta-feira, 29 de maio de 2009

PARA M:

- Mas...e aí?
- Poxa... vc é um d-o-c-e de c-ô-c-o, mas não dá.
- Pq? Vc não gosta de côco?
- Adoro côco! Sorvete de côco, água de côco, batida de côco, cocada, côco ralado, bala de côco!
- Então não entendi.
- É complexo...
- Como assim complexo?
- Acho que foi por isso que usei essa palavra, complexo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

cresceram no meu jardim. cobras enormes com dentes afiados. quebraram os vidros das janelas enquanto eu tentava proteger as portas. elas entraram, foram mais fortes. uma para cada cômodo e nem sei quantas porque não conhecia minha própria casa.

quando tomo um banho decisivo, me lavo demoradamente. deixo a água morna levar o que não é meu. no final só fica eu, meus cabelos que restaram, minha pele viva, minha velhice esperada, meus peitos doendo, um certo cansaço, a certeza da solidão.

um contentamento por ter vivido, por viver e por ainda esperar alguma coisa me toma quando deito depois de mais um dia.

terça-feira, 26 de maio de 2009

sem manteiga nem tiro de revólver
só lágrimas e um sangue que agora escorre lento por dentro
na noite sem tango nem mambo, decidi
e pernas pra correr e olhos pra não olhar pra trás?
de onde vem? não aprendi

reticências
interrogações
consolações
avenidas vazias da grande cidade
palavras
cinema
aleluia
imagem
merda
frio
cosmos
cigarro
garrafada
chiclete
mistério
dor
sadafeza
canalha
canalha
carne
navalha
pescoço
sangue
delírio
suor
magestade
demais
vazio
falência
estado
crise
matéria
desejo
gozo
universo
solto
cama
infeliz
cidade
idade
igualdade
ridícula
carência
cristal
calêndula
cabeçário
calendário
kamassutra
laço
caso
maço
mexe
fica
fico
tua
cabeça
cabelo
cachos
relaxo
galope
cristal
sangue
violento
cristal
quebrado
sozinha
de novo
aguardo
retorno.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

quando ainda estava na dor da insustentável leveza do ser, propus um último tango em paris

quarta-feira, 13 de maio de 2009

mentiras e bobagens

quero escrever sobre mentira, mas estou tão sem inspiração e não quero ser uma mentirosa, alguém diga coisas sobre a mentira, pois é essa a palavra que se repete agora na minha cabeça, não sei por que. ela tem perna curta, engraçado isso. tem muita mentira que nunca se pega, de pernas velozes, tem mentira que é tão bem inventada que vira real, é mentira sem perna, nem deixa pegada. e mentira mal contada é a maior mancada, pq o pior da mentira é quando o mentiroso dá voltas e mais voltas e faz de tudo e mais um pouco pra enganar ainda mais um sujeito, engana mais do que seria preciso e ainda corre o sério risco de ser descoberto. já o melhor da mentira é quando ela se aproxima daquilo que não se conta, do que se omite. é claro que uma vez mentira sempre mentira, mas essa daí pode ser menos pior, não sei. o que mais me irrita na mentira é que a pessoa mente pra vc pq imagina que vc nao seja capaz de lidar com a realidade e ninguém pode julgar isso nem escolher por mim, eu nunca quis viver ilusões e deixo bem claro pra quem me conhece. entao mentem tb pela culpa e assim vai, a mentira é um artifício para qualquer momento nas relações de todos os tipos. ao conhecer uma pessoa vc mente ou pq está interessada nela por algum motivo qualquer que não seja necessariamente apenas o sexual ou justamente pelo contrário e quanto mais vínculo vc vai construindo com a pessoa, mais vc tem a perder e por isso às vezes mais motivos tem para mentir imaginando que assim estará protegendo a relação, ai!!! que preguiça já me deu das mentiras, mentira gera mentira e mentira é fácil. difícil é encarar os fatos. sei lá, não me sinto enganada agora, mas com certeza hj mesmo já mentiram pra mim algumas vezes, eu preciso me lembrar se menti hj pra alguém, acho que não e sabe pq? realmente tenho tentando parar com isso, eu me sinto tão bem falando só a verdade, me sinto uma heroína e afinal, como as pessoas não devem ficar esperando muito dos outros, então eu me livro de tanta cobrança e acabo dizendo a verdade na lata!!! na lata! faz até barulho dependendo da situação! piinn! eu mentia um pouco, mentiras bobas, mas meus pais não me deixavam fazer nada quando eu era adolescente então dizia que estava na casa de uma amiga e ia pra uma festa e tal, coisas bobas, mas que tiravam o meu sono. fui pega na mentira umas vezes e foi tão constrangedor pq era uma mentirinha boba e mesmo assim perdiam em mim a confiança por toda a eternidade e eu passava a ser vigiada, uma suspeita, pronta pra cometer mais uma vez o crime da mentira. mente não, vai!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

com o pouco tempo que tenho não quero só tentar, entende?
e esse calor que começa na barriga e vai subindo é pra explodir minha cabeça?
espetinhos de coração estão sendo vendidos na minha esquina e sinto o cheiro daqui
agora me bate uma vontade mesmo é de um comer doce bem enjoado, que preguiça de ir até a cozinha, eu tô perdida!

domingo, 10 de maio de 2009

DIA DAS MÃES

na rua uma mulher chora enquanto olha para as duas mãos que seguram um retrato?
uma carta? uma mecha de cabelo? do filho que perdeu? uma nota de 1 real? um presente que ele mesma não recebeu? o vestido largo reserva lugar para uma barriga que vai crescer? que já cresceu? que nunca vai ou que eu não vi? desolada? o que era aquilo que vi pela janela do carro? perguntas. acho que era exatamente um ponto de interrogação seguido por reticências vírgula reticências. uma cena dramática, cinematográfica. por trás e além daquela interrogação, um roteiro complexo com várias histórias simultâneas e elipses de tempo. efeitos como os de Matrix, de repente o mundo todo gira em torno daquela mulher de vestido largo de pano pobre. ela tinha cabelos curtos, o pano era cinza e ela chorava apaixonada. era quase a Maria Falconetti interpretando Joana D'arc no cinema mudo e eu vi ali uma dor, uma que eu também tenho por motivos tão desconhecidos e incomparáveis.

"Não ter tido filhos me deixava espasmódica como diante de um vício negado." Clarice em Paixão Segundo G.H.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

consolo para o meu amor

até o sol raiar
a menina não dança
até o sol raiar
algo como a esperança
até o sol raiar
ela escreve e não cansa
até o sol raiar, sem descortinar, pois pano não há!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

e jura que abandona
mas não sabe ir embora
liga e diz alô
escuta sua voz
a mesma que disse te amo, tchau
se confunde ainda mais
atravessa a rua sem olhar pros lados
deu sorte, não morreu
recolhe seus pertences
não sabe se são seus
nem mesmo aqueles lances
marcados como gados
por letras do seu nome
e isso é uma pista
nem sabe que é artista
começa a tremer
e não entende o porquê
carrega o peito de ar
se afasta da multidão com um olho roxo e o outro a aguar
engole um bocado de lágrima
era sal ou caía outra vez
com o rosto sem vida imaginava dizer
talvez, talvez...

silênciada pela falta que o mundo tem de sentido quando tudo de repente desmorona e o que vira escombro não tem cor nem testemunha, é mentira, invenção de criancinha, sacode a poreira e dá a volta por cima, tô vendo daqui a sua calcinha, eu não te odeio, você me acha problemática, não sou maluca, você é muito sensível, gosto disso em você, caiu a ligação, mas quem queria falar com ela?

elaeuelaelaeu

tarja preta pra têta na tela
telegrama com letras pretas
borboletas
tarja preta pela goela seca
tarja preta de luto por ela
nosso amor só secou por sequela
quem me dera
quem me dera
ter de volta meu ar de singela
se pudera
se pudera
esquecer a raiz desse drama
as pretas letras do telegrama
mas agora
borboletas,
das pretas
ela chora
ela chora






segunda-feira, 4 de maio de 2009

Parte II

na chama
na lama
banana
caramba!
caralho!

Parte I

somos todos pixotes, sem pai
sem leite na mama
sem grana
sem fama
na cama
me ama

quinta-feira, 30 de abril de 2009

sobre as histórias ainda não inventadas existe muito mais o que dizer e continuar inventando pode ser uma solução para a preguiça que aparece sem querer. as caravelas velozes no mar agitado se chocam. um corpo cai e não se machuca. assustado tenta embarcar novamente, agora como o mar molhado e agitado.

estou eu, meu celular e as dezenas de tentativas de gravar uma mensagem para a secretária eletrônica. muitas vozes, muitos discursos, muitas mulheres, me confundo demais! não sei qual escolher: confirmo e apago e confirmo e apago. essa não, cruzes! nossa, que merda! e quando acontece de eu gostar de alguma, é claro que fico emocionada e ga- gaguejo!

mas o doce deleite tinha um cheiro que não me parecia de doce de leite

e quando ele abriu os olhos realmente estava em outro lugar

deitados os dois abraçados queriam ser um só. impossível, sabiam disso, mas na tentativa desesperada de ultrapassar os limites da física se embolaram nos lençóis e se lambuzaram com seus fluidos em nós. foi só quando o único fumante sentiu saudade do seu vício que perceberam os quatro braços, as duas bocas,...

terça-feira, 28 de abril de 2009

VI TAMBÉM NEGRINHA




Casarão Austregésilo Athayde, na Rua Cosme Velho, 599
Sara Antunes, muito boa negrinha!
Simples, lúdico, assustador, lindo trabalho, dá vontade de brincar com ela e viver no casarão de parede de açúcar e de osso branco de preto.
até dia 12/04

PARA BELA (s):

partes de o sopro de vida e do livro da aprendizagem eu marquei. o vôo é solitário. a atriz de amarelo manga diz que às vezes parece que o mundo todinho foi feito dela e que ela nunca vai morrer. eu vi o inferno do Dante no cinema mudo italiano e li hj mesmo que a cada 10 dias 1 índio guarani-kaiowá se mata no Mato Grosso do Sul. e perguntou pra mim o sopro de vida: será que devemos nos preocupar em sermos felizes? pra quê? e depois de toda uma crise, uma paixão, essa mesma mulher diz que somos felizes pq podemos sentir a vida de diversas formas. eu nem sei, nem vc, nem ninguém, mas os portos tb existem e se quisermos não vamos nos perder por muito longe. me liga!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

as borboletas pretas estão aparecendo em maior quantidade por aí! ande com guarda-chuva por qualquer que seja o caminho escolhido. o tempo tá meio esquisito, meio doido, pode cair o céu de repente e vc vai se molhar. evite ficar doente. não saia de casa de cara fechada, a fragilidade atrai raios mortais. leia logo algumas coisas referentes ao que pode ser Deus ou seus equivalentes e nem sei mais o que pensar agora. ah, escreva alguma coisa bonita e jogue pela janela! talvez alguém solitário e infeliz receba essa luz que não saberá de onde vem, acreditando assim se tratar de um verdadeiro sinal. coisas que aparecem de repente e de origem desconhecida são reais.

sábado, 25 de abril de 2009

SAUDADE

quarta-feira, 22 de abril de 2009

a eternidade e
um dia
uma música
um beijo
a efemeridade e
um instante
uma nota
mais um beijo
a idade
o tempo
o amor
a palavra
a dor
o prazer
a ausência
a loucura
a nostalgia
a saudade
o desejo
o medo
o tédio
a eternidade da Clarice é ficar perpetuamente morrendo como gozo de dor supremo
a minha eternidade são efêmeros estados que vivem me acontecendo
às vezes sinto como se já tivesse morrido
uma alma que vaga com apego pelas ruas
sou uma velha que imagina como foi bom ou como poderia ser
contemplo as pessoas, as memórias
uma criança que descobre tudo com a rapidez de um relâmpago que ilumina e faz desesconder o que eu mais quero ver, os detalhes, galhos como braços que pedem socorro, água e amor
uma dor me aniquila, essa é a minha eternidade aqui na vida até morrer
uma certeza, a dor, e não deveria nem ter esse nome, realmente. o que não é dor? existe até dor gostosa de sentir, a insuportável e a fatal. como vão passando os dias e o tempo sem que as pessoas se olhem e se entendam? como pode ir acabando eternamente ainda sempre na distância? como ir vivendo para morrer só? e são tantas as belezas que só enxergamos com olhos cansados e entusiasmados, como se pudessem ser assim juntos. podem, mas nem sempre. e quando isso acontece é a graça, é a poesia que resolve dar o ar. é a vida sutil, são os sabores indizíveis, os sinais de divindade indecifráveis. que Deus é esse? pra quem olho com meus olhos transparentes sem perder o melhor da inocência? ai, uma ciranda! quero dançar ciranda e girar com os cabelos que voam e o rosto pro céu, vendo td se misturar numa cor só, segurando forte as mãos dos dois lados, dois elos que me levam para a plenitude de estar viva. estamos vivos! estamos juntos, eu amo, eu quero e não largo suas mãos. me voa com você, me lava, me abraça me cata na rua daquele bairro que eu não sei mais o nome e onde me viu uma vez cantar, me fala baixo e em seguida não me irrita mais, é assim que vai ser, os pressentimentos me dizem que nós vamos correndo girando e eternamente esbarrando na graça, riremos de tanta! mas não é só de rir. tem graça que é de paralisar, de entristecer, de dar coragem, de apaixonar, tem graça de arrepender um pouquinho só e tem graça de desejar o inalcançável, tem um monte de coisa que eu nem sei, mas procuro e vc também, eu sei. você que não é só um, nem dois, é mais, tão mais! eternidade em mim que sou efêmera, pois o relógio vai bater a minha hora daqui um dia. e se eu puder, continuo sim eternizando comigo longe você e nós e todas as coisas que eu vi com graça. todo o amor que recebi e guardei no que sou eu, eu sou você em mim e em você e sou eu em você e em nós que nem sabemos onde moramos. uma vontade de chorar por tantas coisas que eu nem sei além dessas aqui, uma vontade de não morrer, de ter todo o tempo do mundo e de não ver que perdi coisas que gosto, que amo. uma vontade de permanecer aqui, pois aqui não tem fim. e agora só choro com dor e prazer de viver e é só isso. tenho pena de mim, de você, do moço que abre a porta do meu prédio e dos meus pais, de todos! eu não quero estar sozinha agora.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

minha máquina do tempo

cortar o vento e beber a chuva, eu desafio levando numa boa o mau tempo. também pinto de preto as unhas e me sinto mais linda assim. hj quero dançar um som pesado, fora do ritmo que é pra desafiar mais uma vez. o tempo. de repente. páro e recomeço. e de repente já passou e eu continuo ou mesmo já estou bem no futuro.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

vamos celebrar o amor! eu te amo! eu me amo! eu amo! amo! não consigo parar de amar! é um vício, uma condenação, eternamente amo! eu amo quem nem conheço ainda e nem vou conhecer! amo! e muitas vezes nem sei que amo, mas agora entendi que não preciso saber que amo, nem sentir que amo, eu vou amando assim quieta, sem querer e sem cessar, com calma, constante, discreta, amando aos poucos e pra sempre, só aumentando minha coleção de amores. a cada dia eu amo mais, cada vez mais, amando como uma mãe, incondicionalmente, amando como uma santa com a única diferença de querer ser amada também, mas não em troca.

terça-feira, 14 de abril de 2009

COM AMOR:

A MINHA PAIXÃO ou quase

com o coração acelerado ainda e a pele da perna marcada do arrepio escrevo agora, pois preciso voltar a dormir. a minha paixão aconteceu! eu tinha gritado e pedido isso de alguma forma aqui um dia desses, recente, e em tudo desejo metamorfose, mas se eu não conhecesse a paixão da G.H. eu teria, ao contrário dela, me esquecido para sempre das leis e dos regulamentos. parece profecia, sonho, eu mesma desconfiei da veracidade do que estava vendo por muitas vezes, até que deixei como prova de que era real o corpo da barata que matei no escritório da minha casa. algo de dimensão bíblica acontecera com G.H enquanto comigo apenas o inevitável, mas coincidente. eu nem sei como e porque levantei da cama com pretexto de fazer xixi e não era uma vontade urgente como a de sempre e que faz a gente acordar. eu testei pra ver se valeria ir até o banheiro, apertei a barriga com a sua própria força e quase não tinha o que sair, mas tinha um incômodo e decidi. abri a porta do meu quarto e como uma piada lá estava eu tão cansada diante de uma enorme barata tb já tão cansada e vagarosa, era uma barata grande e velha como a que Clarice Lispector descreve no livro que leio e releio com esforço pra não perder o regulamento. e foi uma sensação de déjà vu, de sei lá. o pavor e o nojo não ficaram em primeiro plano e é claro que eu paralisei durante um tempo, mas como tá escrito no livro sagrado da Paixão Segundo G.H, na vida é preciso ter a coragem de ir como um sonâmbulo então eu fui e busquei o primeiro sapato que vi. antes de atacar a barata, observei que a antena esquerda fina e longa se mexia como orelha de cachorro que percebe movimento por perto, parei de novo com o corpo todo doendo por ter que passar por isso. respirei fundo, abafei o enjôo e mirei, mas ela começa a andar, toda errada, errando as patas, estranha e foi quando tive certeza da semelhança não só entre as baratas, mas entre os destinos. tive a sensação então de uma super realidade acontecendo em tempo instantâneo e potente. senti um pouco de medo, pensei em como seria a minha relação com aquela barata e queria que fosse a mais breve possível! fui atrás dela com calma e então taquei o sapato mais uma vez, ela escapou e andou mais um pouco, por todo o corredor que sai do meu quarto até o escritório, como uma via crucis e eu era a que apedrejava, sem querer cumprindo o meu papel. e de novo taco o sapato e ela escapa, não soube esmagá-la com o sapato na mão, seria muito nojento, escutei o barulho dela se quebrando toda molhada com sua massa de dentro indo pra fora, não! ela parou e ficou, acho que quis se fingir de morta, elas são muitos mais espertas do que eu pensava, e a própria G.H. não tivera a chance de perceber isso. taquei de novo somente pra imobilizá- la e ganhar tempo de pegar o inseticida. esse foi um jogo sujo entre nós e era a única maneira de eu me livrar dela e ela de se salvar. corri e voltei implacável dando muitos tiros e ela resistente de barriga pra cima ao lado do sapato derrotado tb com a sola pro alto, ela me lembrou o Gregor Sansa quando acorda e não consegue sair da cama esperniando as patas, lutando pela vida. ela então se vingou de mim nessa hora, pois era de um horror quase insuportável o que aquele movimento desesperado causou em mim, eu toda contorcida junto com ela, arrepiada e dramática, acompanhei os momentos finais da barata que relutava e eu era a única a ter esperança de que ela ia sim morrer. uma agonia, eu tive pena e nojo, que coisa! lentamente ela foi perdendo a força e então nem tive mais coragem pra nada, já era suficiente pra mim! todos aqueles sustos e o que vem depois... deixei ela lá como se pudesse se desmaterializar, não toquei, nem pensei em tocar. quase embarquei na mesma viagem de G.H. ao deserto e ao inferno, mas ela me avisou de tudo, e me guiou como uma memória minha, de coisa que eu mesma aprendi sozinha na vida e então soube como viver melhor o que me acontecia de novo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

desenho de Franz Kafka


alegria! alegria!
um dia o que era alergia, por falta de foco, virou alegria.


domingo, 12 de abril de 2009

AAAAAHHHHHH! RRRKKKKKK!

gerar ciência
receita
conceito
gerar
geração
geração coca- cola
geração
sem ação
nossos corpos querem pulsar
sem gerar
neutros sem poder de decisão
neutros complexos de nervos
arrepia a nuca pensar
e a permissão pra matar
a angústia
a náusea da vida?
me acuda
me segura
me ajuda
me iluda
ai que loucura!
remédios esconderijos
relógios algozes, regozijos
pensaresentimentos perdidos
interrompam interruptores, AGORA!
São Vito, batizado em 1959 e mais conhecido como Treme-treme
Ficha:
27 andares

624 apartamentos
fica na Av. do Estado, Centro de São Paulo
seus vizinhos: Mercado Municipal, Parque Dom Pedro II e mais um edifício em fase terminal, o Mercúrio
sem elevador desde 1990
desocupado em 2004 quando abrigava cerca de 3 mil pessoas e muitas histórias sinistras
2009 ainda aguardando a data da sua execução

quinta-feira, 9 de abril de 2009

o prédio esqueleto
edifício morto
defunto de concreto
alma penada da grande cidade acelerada
cemitério de sonhos
quantas salas sem famílias nem mobílias
quantos os andares
promessas de lares
e quando subo meu olhar por toda sua estrutura crua
sinto a dor da morte em plena rua
nuas as janelas sem vida, quadradas
quebradas, tortas, estilhaçadas
esquecidas que lindas!
coloridas, pichadas, detonadas
casinhas de boneca sem cabeça
de longe tão pequenas todas tantas
como um monstro gigante abatido e que não sangra mais
e era cinza e não vermelho o que saía dele
com centenas de patas umas em cima das outras
queria antes ser como uma espécie de colo mais que materno
um abraço de Deus protegendo seus fiéis pagadores de promessas furadas
acabou!
vai ser varrido do meio do passeio público
num domingo
enquanto comem bacalhau os que podem
nada mau!
mas vai indo esse quadro surrealista paulista
um sonho
pesadelo
mas nunca real
tenho pena
mas vai ser uma morte grandiosa!
a morte do morto
o enterro do pó
e finalmente a paz das coisas apagadas da história
o silêncio e o vazio, nem eco nem sombra
ele vai para a dimensão dos vultos
como os velhos filmes mudos que imortalizam pessoas que sumiram do mapa
alguém lembre de tirar uma foto ou se preferir um desenho
ele não pôde ter filhos
seu nome não se sabe
pois com tanta pompa de desordem
seus apelidos se muliplicaram
a carcaça é o que o representa
e só quem viveu nas suas entranhas proibidas
conhece mais do que o espetáculo visual que se tornou
vindo de todos os tempos, não tem mais pra onde ir
interrompendo suas passagens e paisagens por aqui de anos de degradação
com o fim vai para a memória, lugar de onde nunca mais pode voltar

quarta-feira, 8 de abril de 2009

tá tudo arquivado
nas rochas gravado
nem vento nem água
mas manto de fios de aço
e só toco quando mesmo no silêncio te escuto
claro e preciso vem
por debaixo e além
mesmo desafinado
o que é raro
o Deus que é homem também
atravessa os limites do espaço
imagino que se fosse pra mim
também não seria daqui
queimando as maos de tanto tentar o fogo
e nao me aquecer
ainda tateio

e tento o toque


sexta-feira, 3 de abril de 2009

eu tenho uma mania feia
não conto pra ninguém
também não sou criança
mas isso não é uma pista
escorrego sem querer
mas quem não quer brincar?
sorvete verde de limão
palavras cruzadas
açúcar queimado
e tudo o que for melado

quinta-feira, 2 de abril de 2009

M, um recado pra vc: matenha- se longe daquele orelhão quebrado!
mas o que mesmo importa de verdade? quem não souber responder imediatamente com pelo menos com uma palavra tá fora do jogo! o bobo morreu rindo e o esperto acha que com ele não acontece. e agora?