segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
acorde Em, acorde A
eu quero um remédio pra guardar, pra acordar e se chama café
a cerveja dá sono a maconha tb mas eu não fumei ontem
acho que eu bebi vinho na casa do vizinho
que me acordou gritando
acorde acorda meu bem meu nenen
hj é segunda feira vamos fazer a feira comprar coisas bonitas flores de um real
chora mas deixa embora
acho que eu vou esquecer
esquece agora
naõ vem não
acho que vou chorar
sentada na sala acordada
nao consigo acordar
nao consigo acordar acho que eu vou chorar, faz bem meu bem
meu bem também eu gosto de vc
eu sei um lugar legal pra gente ir
uma piscina azul da cor do seu esmalte
te mendei torpedos dizendo besteiras?
sábado, 5 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
pela passagem de uma grande dor, capítulo extra:
-fala!
-nada
-fala!
-se vc...
-o que?
-se vc quer...
-ai!
-se a gente pode...
-pode...
-acho que nao sei te perguntar isso...
-tá complicado mesmo! talvez não seja a hora de perguntar... sei lá....
-vc quer sobreviver comigo?
- é... agora a gente SOBREVIVE, né?
pela passagem de uma grande dor: capítulo único
domingo, 29 de novembro de 2009
nem acredito,
nem acredito,
a quem daria esse crédito? a quem de nós?
nesse término
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
CAMPANHA DEVOLVA-ME!
TRILHA SONORA: LIVROS
CAETANO VELOSOTropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
REBÚ: última semana e imperdível!!!!!!
Teatro da Cia dos Atores, na escadaria da Lapa, primeira casa à direita! as 20:00h de sab à segunda, 20 reais!
domingo, 22 de novembro de 2009
como uma pílula desceu até meu estômago vazio e ali se achou
como quase tudo que mora dentro de mim vai crescendo
acordei hoje com essa coisa me doendo
me chamando pra trocar algumas palavras sobre nós
mas tá tudo tão embolado
e a massa que em mim fermenta a angústia não se aguenta
é escandalosa, de lua, tagarela, ciumenta!
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
vai chupar um picolé! melhor coisa nesse calor...
olha que lindo que escrevi pra vc... me esquecer:
o amor é importante, repousando numa estante
o amor é fundamental, mas longe do meu quintal
agora vambora!
vai brincar lá fora, vai!
se arranque daqui seu moleque, se arranque!
toma aqui essa moeda, seu merda!
vai chupar um picolé, seu mané!
Nú!!!!! Nó!!!!!!
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
PRA VC ou DÉBUT ou A MORTE
pelo amor de Deus
se lembra daquele tempo?
um monstro feio o matou
devolve um pedaço?
comi as palavras que cortariam pra sempre a minha boca
na esperança de não torná-las reais, me esqueci que antes, bem antes do nome de cada uma delas, existe um equivalente em dor, em sensação, em noção, em idéia, bem vivos e nascentes no fundo de mim
erramos os caminhos confusos da longa distância, pegamos mãos erradas por aí
minha cabeça dói, o jogo do amor é labiríntico demais, tonta
tonta
terça-feira, 27 de outubro de 2009
- isso é um bom sinal!
- como vc é otimista!
- sinal que vc está voltando!
- eu não sou uma deprimida!
- voltando pro mundo real!
- eu não estava fora dele!
- de qualquer forma eu ainda penso que é um bom sinal...
- acho que sei onde vc quer chegar...
- não é nada sério
- é muito sério!
- até deixar de ser
- hj mesmo deixou de ser
- o que aconteceu?
- tô morrendo de vergonha e culpa por causa de um sorriso falso que dei pra alguém mais cedo. na verdade com um sorriso eu contaminei várias pessoas ao mesmo tempo e por isso meu constrangimento está quase num nível insuportável. a cena se repete e eu me arrepio nas canelas, é possível?
- nas canelas! mas essas pessoas não se importam tanto, acredite!
- mas eu me importo! e não posso fazer nada com isso, eu sei. vai ser mais um entulho pra guardar na gaveta das merdas que faço.
- como vc é dramática! isso é tão bonito!
- posso te dizer qual é o seu problema?
- claro! até agora só falamos de vc...
- pois é! conhece aquela frase: pimenta nos olhos dos outro é refresco?
- nossa! nossa! caramba! vc está reagindo!
- esquece!
- vai lá... manda ver! eu quero saber o q vc entende de mim.
- não entendo porra nenhuma de porra nenhuma!
- calma, vamos tomar um porre?
- eu parei com isso. tem uma semana que eu não bebo nada.
- que besteira...
- tá bom, bora beber um pouco que tá mó calor mermo!
- outra coisa: é patético sorrir como vc fez hj. kkkkkkkk!
- filho da puta! um dia eu enfio uma câmera de video na tua cara e faço vc dar esse sorriso fácil, fácil, depois coloco no youtube!
- já sei! vc detestou o teste de hoje.
- não cheguei a detestar, mas saí com uma sensação escrota. pensando que o pior do ator é quando ele precisa mentir pra ele mesmo.
- não precisa ser um ator...
- ....mas já que vc é um ator, fica pior ainda, NÃO TEM DESCULPA!!!!
- fala baixo!
- eu quero saber onde eu perdi a minha cabeça!
- vc perdeu sua cabeça dentro dela mesma. mais uma que se encolhe nesse mundo de perdidos.
- isso foi uma tentativa de piada? vc quer me fazer rir, que fofo!!!!
- deixa disso, vc sabe que eu sei das coisas
- que coisas?
- vc sabe
- ai, não sei de porra nenhuma!
- tá bom eu tb não sei de porra nenhuma, cerveja ou vodka?
- cerveja
-ok
- concordamos?
- com o que?
- vc tb quer cerveja?
- sim, quero!
- deixa que eu pago hj, ta?
- fala sério!
- tô falando, hj eu posso, tinha cachê teste!
- uau! tá bom, amanhã eu pago então.
- fechado, mas amanhã eu quero saquê!
- maluca cara- de- pau!
- saúde, cara!
- saúde!
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
misturo tudo o que vejo num canto que sobrou da mente cansada
é guerra! é sangue! é morte!
é instante!
desculpa a falta de sentido
é justamente isso que não posso ver contigo
alerta a lente desperta
aos poucos como quando os pés deixam de formigar
então voltam a andar
na nitidez que puderem por essas terras nada firmes
me levando ao seu encontro
tombo
levanto e
conto
escute bem
vem de dentro de você também
me olhe no seu espelho ao acordar para ver a saudade te ganhar
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
motor- novo corte!
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
palavras que não sei dizer
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
ontem vivi por ele, fui até o final do meu dia pq queria me lembrar de tudo o que estava me acontecendo, exatamente como acontecia, para escrever um roteiro
seria o melhor filme de separação de todos os tempos
o título já foi criado para uma peça, deveria se chamar Dois perdidos numa noite suja
na calçada suja, com as mãos sujas, bocas sujas
que falaram palavras sinceras
o amor é uma ponte que quebrou?
e se ele não é a ponte mas ela quebrou?
ele arruma um jeito de voar? ele vai por água abaixo de vez?
palavras de uma música que um anjo me cantou hj, dia seguinte
hj é só o dia seguinte e os próximos serão os próximos
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
filme de hoje:
acorda assustada, lava o rosto, come uma banana e se prepara pra correr (está se sentindo gorda, fraca e pálida. pensa em ir à praia, mas não confia no sol)
escuta jazz enquanto fixa os olhos nos números das calorias perdidas, não chega a 90 e está desesperada, segura firme nos braços do aparelho da academina, parece ter medo de fazer a coisa sair pela janela ou de desmaiar
alonga debaixo da água quente do banho, disfarça pra si mesma um choro, usa 4 sabonetes diferentes, mas hoje, só tinha o de lavar calcinha!
se lembra que não tem mais computador, dinheiro, namorado,carteira de motorista, de estudante, então gira a própria sorte quando enche o peito de ar e de uma certa coragem e vai pra luta
com a cara fechada e o resto todo do corpo caminha até um lugar que não tem mais utilidade, parece que esqueceu de lembrar, parece que ligou o automático e saiu da fábrica apertando parafusos no ar, parece que não importa mais o que é real
ainda na mesma calçada perto desse tal lugar que não tem mais importância, ela cruza com um senhor que faz sinal de oi com satisfação e simpatia, sabe que não o conhece, mas retribui, quando se aproxima mais ele estende a mão. ela dá a sua mão pronta pra dizer que sinceramente não o reconhece, então ele pergunta sorrindo: VOCÊ GOSTA DE PASSEAR? o ódio do mundo enfim tomou conta dela que disse NÃO!
chega no tal lugar e vai direto ao banheiro para lavar as mãos, no tempo de cantar duas vezes o PARABÉNS PRA VOCÊ, ela tinha acabado de ler uma entrevista sobre o último filme do Woody Allen no qual um dos personagens acredita ser esse o tempo ideal para se livrar de todas as bactérias e afins
faz cara de quem está indo resolver algo sério, segura uma pasta preta, cheia de documentos e protocolos em branco.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
de Sophia de Mello Breyner Andresen:
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
saudade de mim
lágrimas desconhecidas
me aborreço com bobagens
me esqueço da coragem
quero ficar muda quero ser surda quero acordar nua quero rua, logo canso quero meu cobertor velho peludo e escuro que guarda meus segredos, meus cabelos, me esconde
quero o silêncio da solidão, o vazio assumido
quero assumir o vazio
quero
no rio escuro onde boia meu corpo desembocar no mar
furiosamente, sem aviso
nessa noite sem estrelas
estão dormindo de mim
sonhando comigo
eu que quase não existo
e que não tenho mais juízo
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
MONOGRAFIA COM ZINCO
domingo, 2 de agosto de 2009
pense comigo:
é tudo normal?
é tudo normal!
é tudo normal...
por maior que seja a sensibilidade
talvez pq quanto mais sensível maior o espaço pra aceitar todas as possibilidades do mundo
por maior que seja o coração
ainda assim ele dói
em algum lugar bate ruim
pois ele por maior que seja não é sem fim
PORTAL
piano, resto, cabelo, pó, poeira e vento
algum lugar desses que foram com o tempo
esteve por perto no domingo cinzento
choro por dentro
lamento
lá onde ninguém pode ir
em nenhum momento
lá onde eu invento
ruas sem fim
sem poste
sem morte
vida em preto e branco
30 quadros por segundo
um outro mundo
tenho um ouro no braço
com a lua ilumino o escuro
coração aberto, no meio um buraco
e do outro lado do muro
a cor, a fumaça quente, a desgraça presente.
sábado, 1 de agosto de 2009
uauauau!
partidária de qualquer movimento em prol da poesia e de sua importância no cotidiano, dou espaço ao manifesto dos poetas Geraldo Carneiro e Salgado Maranhão:
Os Desmandamentos, por Geraldo Carneiro e Salgado Maranhão:
(Este manifesto se rebela contra a banalização indiscriminada da poesia e a palavra aviltada pelos demagogos, e é dedicado aos que julgam que ela não é passatempo de diletantes, mas artigo de primeira necessidade.)
2- É a linguagem que produz a realidade e a poesia. A poesia não tem camisa-de-força conceitual. Aos funcionários públicos da vanguarda, que se acham herdeiros do legado, ela finge que se dá, mas é só o discurso vazio do chefe da repartição.
3- A poesia é um problema sem solução. Felizmente. Ninguém tem a fórmula mágica, ninguém tem respostas para todos. Cada leitor que invente o seu mundo, e o desinvente a seu bel-prazer. Semelhante à culinária, cada qual que ache o seu tempero. Se for significativo, o erro vira estilo. Ou vice-versa.
4- A poesia pode tudo, só não pode ficar prosa ou senhora da razão. O novo não é reserva de mercado, nem nasce a priori. Há que se romper limites, correr riscos, ter lucidez na loucura. Mesmo que seja pelo avesso. (E, cá entre nós, não adianta ficar o tempo todo buscando o absoluto, porque isso já ficou obsoleto. Ao fim de tantos levantes, sejamos, também, irrelevantes.)
5- A poesia não é para quem a escolhe, mas para quem recebe o choque elétrico da linguagem. Não é poder ou privilégio, é um defeito que ilumina. Não vale transporte, não vale refeição, não vale copiar truques ou seguir tutores. Nem apelar, como os demagogos, para o amanhã. Mesmo porque já não há mais Canaã no Deserto dos Sinais.
6- Poema não é cadáver. É um artefato musical que sempre canta, mesmo quando tem horror à música. Quem busca entender o poema apenas cientificamente, dissecando sua morfologia como quem faz uma autópsia, perde a viagem. Conhecê-lo é entrar em seus labirintos, sem separar o corpo de sua subjetividade.
7- Não queremos a poesia prisioneira de uma única arte poética. Seremos clássicos e barrocos; pós-modernos e experimentais. Qualquer tema é e não é poético. Desde os pit-boys de Homero até a aspirina de João Cabral. Com talento, mesmo as formas antigas podem ser recicladas. Sem talento, nem com despacho na encruzilhada.
8- As influências, em geral, são bem-vindas, a não ser quando alijam a voz própria. Há poemas com tantas citações que, se extrairmos o que é dos outros, não sobra bulhufas.
9- Os conchavos e panelinhas fazem parte da natureza humana. Cada grupo tem o direito de inventar os seus heróis, para admirar a própria imagem no seu espelho narcísico. Mas o vôo do poeta é só dele e, sobretudo, da linguagem. A linguagem é o orixá, o poeta é o cavalo do santo. Ninguém é mais do que o que pode ser.
10- O problema da poesia não é só fazer bem feito, mas fazer distinto (no duplo sentido, que implica tanto em diferença, como em elegância). Ela é um exercício vital para manter o vigor da palavra. A poesia não é só questão de verdade, mas de vertigem. Por essas e por outras, é que somos poetas da vertigem: vertigem-linguagem, vertigem-vida.
Último desmandamento:
Pode jogar no lixo todos os desmandamentos anteriores, a não ser que haja sinceridade na poesia. Quem quiser adorar bezerro de ouro, que adore; quem quiser viver de pose, que mantenha sua prose. Mas que haja espaço e fé na poesia. E que ela continue a fabricar futuros, e, como fênix, se destrua e se reconstrua por toda a eternidade e mais um dia.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
MEDO DA MORTE
terça-feira, 28 de julho de 2009
a vida não é brincadeira não!
...ou resumindo e acrescentando:
Samba da benção
(Vinícius de Moraes)
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba, não
Senão é como amar uma mulher só linda; e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado,
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher,
Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor
E para ser só perdão
Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não...
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
é bonito demais, o samba que cura, a saberia do poeta , a vida que é linda, a mulher que ama, o homem que diz vou e vai e o coração negro, eu respeito!
toda curiosidade do mundo!
gasto sorriso
gasto a sandália
gasto gestos
gasto abraços
gasto dinheiro
gasto passos
gasto palavras
gasto gargalhadas
gasto caras
gasto samba
gasto gente
gasto riso
gasto dor
gasto o corpo
gasto tempo
gasto energia
gasto alegria
gasto paciência
gasto coerência
gasto simpatia
gasto com a cara dos outros
gasto com a minha cara de gringa
gasto caloria
gasto saudade
gasto caridade
gasto sabedoria
gasto mentira
gasto atenção
gasto coração
gasto mente
gasto com minha ginga
gasto camaradagem
gasto malandragem
gasto cumplicidade
gasto com minha idade
gasto minha curiosidade
do mundo
gosto de gastar
minha conta é alta
talvez não saiba como pagar
mas pago
gasto até o que eu não tenho
e só lembro de precisar ter quando gastei e faltou
sexta-feira, 24 de julho de 2009
romance
quinta-feira, 23 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
arame farpado
dói
eu mesma a engoli.
agora como faz?
não deve ter erva no mundo
que arranque
devia ter cortado pela raíz
que se dane
ainda tenho o tempo
mas por enquanto lamento
sexta-feira, 17 de julho de 2009
me atrasei pro trabalho
esperei vc ligar
quando vi já reclamava de tudo sem vc me ouvir, a merda da insensatez
ela é admirada por outros e detestada por mim,
pq só eu sofro com isso e depois me exponho
que idiotice!
amor, amor, amor
tantas faces vc tem
tanta distancia
me condena assim a viver em rodopios no salao em companhias desconhecidas
que me levam onde nem quero ir
sinto falta da sua mao
fecho os olhos e vc aparece, nítido, tímido
homem
que palavra forte
é a primeira vez que te escrevo com toda a carga que é
HOMEM
com H
com todos os problemas e diferenças
eu sei que não é fácil ser
mas admiro e quero ver até onde vai
segura minha mão
pois é!
recebo um pedido de casamento
escrevo sem freio o que me aconteceu hoje quando de repente tantas frases me fazem sentido e eu não sei o que fazer com isso
recebo presentes, mensagens e sorrisos
sinto saudades de quem está perto, de quem está longe
converso sobre estruturas complexas da personalidade de quem amo
me lembro do quanto é gostoso o meu amor, aquele homem
danço uma dança de cinema
escuto o passarinho cantar
nenhum milímetro, no chão, de descaso
nenhuma resposta pro meu coração
a pena de ser uma pessoa só
o consolo e a certeza de ser uma atriz
anônima na minha dor
autora do meu drama
queria ser taxista
adilson você se diverte, me leva pra casa e não precisa correr
eu fico tonta
canta mais um pouco daquela música brega
a noite é uma criança e eu vivo a vida em rosa, que merda de tradução, por pouco tempo
lá, la ra la ra lará...
coisa de quem quer dizer que o final da noite vai ser no arco- íris e não no final do arco- íris
porque os sinais são das cores verde, amarelo e vermelho e nenhuma delas me faz parar
eu vou indo assim
alguma sugestão?
quarta-feira, 15 de julho de 2009
7 pecados capitais, na minha versão
para uma amiga cansada, BABA BABY!
o relógio que marca a hora sempre errada
alertou do outro lado da rua a cena esperada
corro, perco o medo de me perder e de perder
aquele desejo de maluco
queria o sabor do arco- íris
pois apenas era colorido
aquele garoto
quando meus olhos o procuravam
por aí, tão perto e tão longe
dentro de algum ônibus, um bonde
sem carteira, sem dinheiro, assustado, atolado, complicado
sabe que quando chega a hora certa, uma vez ela vem, é bom também?
sabe que perder a linha na rua é encarar o que de fato é a nossa história?
breve, breve, e vai embora!
vai como uma gota d'água evapora no asfalto sob o Sol
que me bronzeia depois a pele
que me ilumina o pensamento
que me devolve aos meus próprios braços
que me renova a energia cansada de você
cansei!!!!!!!
Viagens Extraordinárias de Yves Saint Laurent
queria o de tecido com cor de céu nublado
braços e pernas longas, rosto firme
sem linhas de expressão
tão branca a estátua da mulher desejada, muda
invejei aquela morte no holofote
e se a deixo nua?
e se começa a andar e falar?
eu grito de pavor e morro também só de pensar
de esqueleto, graciosa a pose, de gesso
arrisco um olhar mais próximo
e me descubro tão parecida
na atitude plácida, na rigidez
acordei com o estalo do espelho quebrando minha estupidez
sábado, 11 de julho de 2009
de vinícius e baden, a minha trilha sonora nessa noite de chuva e show de roberto carlos logo ali, na esquina da minha casa:
Não trai!
O amor que lhe quer
Seu bem!
Quem diz muito que vai
Não vai!
Assim como não vai
Não vem!...
Quem de dentro de si
Não sai!
Vai morrer sem amar
Ninguém!
O dinheiro de quem
Não dá
É o trabalho de quem
Não tem!
Capoeira que é bom
Não cai!
E se um dia ele cai
Cai bem!...
Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará...
Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar
Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa de amor ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei é que ninguém nunca teve mais, mais do que eu
quinta-feira, 9 de julho de 2009
tem um pobre ligando pra mim
- lindo, eu tb te amo, mas vê se coloca crédito no seu celular!
o que vc quer dizer com isso?
ele bate urgente, meus nervos estão atacados e minha mente uma metralhadora de imagens das mais variadas, tudo de bom e de pior que pode existir brigam lá dentro. o que será que deixo escapar disso aqui nesse momento? talvez apenas um rápido relato, frio demais para a temperatura que sinto no corpo enquanto escuto um riso frenético que vem da rua. me atordoa. uma pessoa sofre profundamente e gargalha. não é justo e não estou triste.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
...ou não...
"ser boa comigo e com os outros ao mesmo tempo não deu, não deu"
domingo, 5 de julho de 2009
ouvindo por aí
segunda-feira, 29 de junho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
O ELENCO IMPECÁVEL NUMA MONTAGEM DELICADA E PRECISA FAZ ARTE, ARTE E ARTE! eu agora acho que vou começar a listar o que ando vendo de bom, assim eu catalogo pra mim e faço propaganda pra quem merece! a peça é uma das mais autobiográficas do autor que teve uma vida familiar conturbada
A peça tá no MAISON DE FRANCE
às sextas, sábados e domingos
texto: Tennessee Williams
direção: Ulysses Cruz
quarta-feira, 24 de junho de 2009
fico pensando que sem intervalo entre as coisas todas que existem seria impossível que viessem dias e dias, um após o outro. fico pensando que tudo seria a mesma merda e que eu seria uma ameba. que a remela do meu olho seria a carta de arrependimento de um pai que negou um filho lá do outro lado do mundo, que meu suor seria a saliva do Obama e que ele não teria esse nome e que a barba do Osama seria o colchão onde deita meu amor perdido por aí, por causa de tantas vírgulas e pontos finais.
depois me confunde pronunciando palavras como DANÇA, VIDA, ABRAÇO, LAÇO
será da mesma fonte que me jorra tantas recomendações?
eu até esqueço que escovar os dentes é importante também, memória seletiva
e de vestir blusa quente em dia invernoso ou numa saída à noitinha sozinha
ventinho, cabelinho arrepiado, dou 13 passos exatos
chego ao bar da esquina onde me sento e começo minha sina
tempero o drama com sabor perigoso
cultivado e remoído
depois vendido no atacado
pra tudo quanto é lado
ai, Zeca, não vou não
não vou morar com você em Babylon
remédio pra quê se não sei o mal?
vamos podar a planta
vamos plantar banana
bora cortar a cana
me chama de canto
me ama um tanto
só enquanto descansa
agora me deixa
não sou sua gueixa
nem ligo pra isso
Zeca, levanta da grama
vê se pára com isso
que a vida é lama
Zeca, a gente não tem grana!
quinta-feira, 18 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
DIÁLOGO
- Que bom...
- Estava pensando em de repente será que um dia desses você, é claro se estiver livre, será que tem vontade de ir ao cinema comigo no meio da tarde? acho tão melhor ir no meio da tarde, sabe? é que durante a sessão dá até pra fazer um lanche e tb fica vazio, me sinto quase em casa, é um privilégio estar numa sala de cinema com poucas pessoas, não acha? uma vez eu fui sozinha ver um filme que eu participei como atriz. eu estava só, estávamos sós. era tanto silêncio que comecei a ficar com medo. medo de espírito, as salas de cinema e os teatros vazios têm uma atmosfera meio assustadora, já percebeu? os artistas que morreram têm apego a esses lugares e vivem perambulando entre nós, sempre me acontece um arrepio, um vento na nuca. depois pensei também que poderia ter um maníaco me espiando no escuro pronto pra me atacar. o medo é emocionante! ainda bem que eu só estava nas primeiras cenas do filme, queria mesmo era me analisar então levantei e me preparei pra sair dali o mais rápido possível, quando vi um cara entrando com pressa, pois estava super atrasado. ele sentou e eu fui embora.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
uma lágrima que cai no escuro
possíveis caminhos
percorrem meus olhos
avoada, alvorada
pintando desenhos
passeios, rodeios,
traçando acanhada
destinos amigos
eternamente
difusas ou precisas
as infinitas pintas
que não sei contar
em números provocam
inúmeros desejos
calados em mim
quando vejo
os lados do mesmo
são rápidos os cortes
vc partido ao meio
com seus gestos fortes
eu caída de medo
metida a valente
vasculho seu peito
que bate cansado
no leito confuso
depois do amor feito
quarta-feira, 3 de junho de 2009
para acabar com o nosso próprio julgamento
comprar lentes de aumento e olhar tudo de novo
beber o elixir de juventude mesmo sendo ainda jovem
lembrar que nasceu sozinho e vai morrer também
pensar que o pipoqueiro da esquina é feliz
sentir a compensação por algum esforço como uma droga
rever antigos e importantes amigos
esquecer das merdas que saem da sua boca, afinal vc não tem controle sobre tudo no mundo
tantas e tantas coisas
para acabar com o nosso próprio julgamento, só o tempo
depois de anos sendo a mesma pessoa pode ser que canse
sexta-feira, 29 de maio de 2009
PARA M:
- Poxa... vc é um d-o-c-e de c-ô-c-o, mas não dá.
- Pq? Vc não gosta de côco?
- Adoro côco! Sorvete de côco, água de côco, batida de côco, cocada, côco ralado, bala de côco!
- Então não entendi.
- É complexo...
- Como assim complexo?
- Acho que foi por isso que usei essa palavra, complexo.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
quando tomo um banho decisivo, me lavo demoradamente. deixo a água morna levar o que não é meu. no final só fica eu, meus cabelos que restaram, minha pele viva, minha velhice esperada, meus peitos doendo, um certo cansaço, a certeza da solidão.
um contentamento por ter vivido, por viver e por ainda esperar alguma coisa me toma quando deito depois de mais um dia.
terça-feira, 26 de maio de 2009
só lágrimas e um sangue que agora escorre lento por dentro
na noite sem tango nem mambo, decidi
e pernas pra correr e olhos pra não olhar pra trás?
de onde vem? não aprendi
reticências
interrogações
consolações
avenidas vazias da grande cidade
palavras
cinema
aleluia
imagem
merda
frio
cosmos
cigarro
garrafada
chiclete
mistério
dor
sadafeza
canalha
canalha
carne
navalha
pescoço
sangue
delírio
suor
magestade
demais
vazio
falência
estado
crise
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kamassutra
laço
caso
maço
mexe
fica
fico
tua
cabeça
cabelo
cachos
relaxo
galope
cristal
sangue
violento
cristal
quebrado
sozinha
de novo
aguardo
retorno.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
mentiras e bobagens
segunda-feira, 11 de maio de 2009
e esse calor que começa na barriga e vai subindo é pra explodir minha cabeça?
espetinhos de coração estão sendo vendidos na minha esquina e sinto o cheiro daqui
agora me bate uma vontade mesmo é de um comer doce bem enjoado, que preguiça de ir até a cozinha, eu tô perdida!
domingo, 10 de maio de 2009
DIA DAS MÃES
uma carta? uma mecha de cabelo? do filho que perdeu? uma nota de 1 real? um presente que ele mesma não recebeu? o vestido largo reserva lugar para uma barriga que vai crescer? que já cresceu? que nunca vai ou que eu não vi? desolada? o que era aquilo que vi pela janela do carro? perguntas. acho que era exatamente um ponto de interrogação seguido por reticências vírgula reticências. uma cena dramática, cinematográfica. por trás e além daquela interrogação, um roteiro complexo com várias histórias simultâneas e elipses de tempo. efeitos como os de Matrix, de repente o mundo todo gira em torno daquela mulher de vestido largo de pano pobre. ela tinha cabelos curtos, o pano era cinza e ela chorava apaixonada. era quase a Maria Falconetti interpretando Joana D'arc no cinema mudo e eu vi ali uma dor, uma que eu também tenho por motivos tão desconhecidos e incomparáveis.
"Não ter tido filhos me deixava espasmódica como diante de um vício negado." Clarice em Paixão Segundo G.H.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
consolo para o meu amor
a menina não dança
até o sol raiar
algo como a esperança
até o sol raiar
ela escreve e não cansa
até o sol raiar, sem descortinar, pois pano não há!
quarta-feira, 6 de maio de 2009
liga e diz alô
escuta sua voz
a mesma que disse te amo, tchau
se confunde ainda mais
atravessa a rua sem olhar pros lados
deu sorte, não morreu
recolhe seus pertences
não sabe se são seus
nem mesmo aqueles lances
marcados como gados
por letras do seu nome
e isso é uma pista
nem sabe que é artista
começa a tremer
e não entende o porquê
carrega o peito de ar
se afasta da multidão com um olho roxo e o outro a aguar
engole um bocado de lágrima
era sal ou caía outra vez
com o rosto sem vida imaginava dizer
talvez, talvez...
elaeuelaelaeu
telegrama com letras pretas
borboletas
tarja preta pela goela seca
tarja preta de luto por ela
nosso amor só secou por sequela
quem me dera
quem me dera
ter de volta meu ar de singela
se pudera
se pudera
esquecer a raiz desse drama
as pretas letras do telegrama
mas agora
borboletas, das pretas
ela chora
ela chora
segunda-feira, 4 de maio de 2009
quinta-feira, 30 de abril de 2009
estou eu, meu celular e as dezenas de tentativas de gravar uma mensagem para a secretária eletrônica. muitas vozes, muitos discursos, muitas mulheres, me confundo demais! não sei qual escolher: confirmo e apago e confirmo e apago. essa não, cruzes! nossa, que merda! e quando acontece de eu gostar de alguma, é claro que fico emocionada e ga- gaguejo!
mas o doce deleite tinha um cheiro que não me parecia de doce de leite
e quando ele abriu os olhos realmente estava em outro lugar
deitados os dois abraçados queriam ser um só. impossível, sabiam disso, mas na tentativa desesperada de ultrapassar os limites da física se embolaram nos lençóis e se lambuzaram com seus fluidos em nós. foi só quando o único fumante sentiu saudade do seu vício que perceberam os quatro braços, as duas bocas,...
terça-feira, 28 de abril de 2009
VI TAMBÉM NEGRINHA
PARA BELA (s):
segunda-feira, 27 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
um dia
uma música
um beijo
a efemeridade e
um instante
uma nota
mais um beijo
a idade
o tempo
o amor
a palavra
a dor
o prazer
a ausência
a loucura
a nostalgia
a saudade
o desejo
o medo
o tédio
a eternidade da Clarice é ficar perpetuamente morrendo como gozo de dor supremo
a minha eternidade são efêmeros estados que vivem me acontecendo
às vezes sinto como se já tivesse morrido
uma alma que vaga com apego pelas ruas
sou uma velha que imagina como foi bom ou como poderia ser
contemplo as pessoas, as memórias
uma criança que descobre tudo com a rapidez de um relâmpago que ilumina e faz desesconder o que eu mais quero ver, os detalhes, galhos como braços que pedem socorro, água e amor
uma dor me aniquila, essa é a minha eternidade aqui na vida até morrer
uma certeza, a dor, e não deveria nem ter esse nome, realmente. o que não é dor? existe até dor gostosa de sentir, a insuportável e a fatal. como vão passando os dias e o tempo sem que as pessoas se olhem e se entendam? como pode ir acabando eternamente ainda sempre na distância? como ir vivendo para morrer só? e são tantas as belezas que só enxergamos com olhos cansados e entusiasmados, como se pudessem ser assim juntos. podem, mas nem sempre. e quando isso acontece é a graça, é a poesia que resolve dar o ar. é a vida sutil, são os sabores indizíveis, os sinais de divindade indecifráveis. que Deus é esse? pra quem olho com meus olhos transparentes sem perder o melhor da inocência? ai, uma ciranda! quero dançar ciranda e girar com os cabelos que voam e o rosto pro céu, vendo td se misturar numa cor só, segurando forte as mãos dos dois lados, dois elos que me levam para a plenitude de estar viva. estamos vivos! estamos juntos, eu amo, eu quero e não largo suas mãos. me voa com você, me lava, me abraça me cata na rua daquele bairro que eu não sei mais o nome e onde me viu uma vez cantar, me fala baixo e em seguida não me irrita mais, é assim que vai ser, os pressentimentos me dizem que nós vamos correndo girando e eternamente esbarrando na graça, riremos de tanta! mas não é só de rir. tem graça que é de paralisar, de entristecer, de dar coragem, de apaixonar, tem graça de arrepender um pouquinho só e tem graça de desejar o inalcançável, tem um monte de coisa que eu nem sei, mas procuro e vc também, eu sei. você que não é só um, nem dois, é mais, tão mais! eternidade em mim que sou efêmera, pois o relógio vai bater a minha hora daqui um dia. e se eu puder, continuo sim eternizando comigo longe você e nós e todas as coisas que eu vi com graça. todo o amor que recebi e guardei no que sou eu, eu sou você em mim e em você e sou eu em você e em nós que nem sabemos onde moramos. uma vontade de chorar por tantas coisas que eu nem sei além dessas aqui, uma vontade de não morrer, de ter todo o tempo do mundo e de não ver que perdi coisas que gosto, que amo. uma vontade de permanecer aqui, pois aqui não tem fim. e agora só choro com dor e prazer de viver e é só isso. tenho pena de mim, de você, do moço que abre a porta do meu prédio e dos meus pais, de todos! eu não quero estar sozinha agora.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
minha máquina do tempo
quinta-feira, 16 de abril de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
com o coração acelerado ainda e a pele da perna marcada do arrepio escrevo agora, pois preciso voltar a dormir. a minha paixão aconteceu! eu tinha gritado e pedido isso de alguma forma aqui um dia desses, recente, e em tudo desejo metamorfose, mas se eu não conhecesse a paixão da G.H. eu teria, ao contrário dela, me esquecido para sempre das leis e dos regulamentos. parece profecia, sonho, eu mesma desconfiei da veracidade do que estava vendo por muitas vezes, até que deixei como prova de que era real o corpo da barata que matei no escritório da minha casa. algo de dimensão bíblica acontecera com G.H enquanto comigo apenas o inevitável, mas coincidente. eu nem sei como e porque levantei da cama com pretexto de fazer xixi e não era uma vontade urgente como a de sempre e que faz a gente acordar. eu testei pra ver se valeria ir até o banheiro, apertei a barriga com a sua própria força e quase não tinha o que sair, mas tinha um incômodo e decidi. abri a porta do meu quarto e como uma piada lá estava eu tão cansada diante de uma enorme barata tb já tão cansada e vagarosa, era uma barata grande e velha como a que Clarice Lispector descreve no livro que leio e releio com esforço pra não perder o regulamento. e foi uma sensação de déjà vu, de sei lá. o pavor e o nojo não ficaram em primeiro plano e é claro que eu paralisei durante um tempo, mas como tá escrito no livro sagrado da Paixão Segundo G.H, na vida é preciso ter a coragem de ir como um sonâmbulo então eu fui e busquei o primeiro sapato que vi. antes de atacar a barata, observei que a antena esquerda fina e longa se mexia como orelha de cachorro que percebe movimento por perto, parei de novo com o corpo todo doendo por ter que passar por isso. respirei fundo, abafei o enjôo e mirei, mas ela começa a andar, toda errada, errando as patas, estranha e foi quando tive certeza da semelhança não só entre as baratas, mas entre os destinos. tive a sensação então de uma super realidade acontecendo em tempo instantâneo e potente. senti um pouco de medo, pensei em como seria a minha relação com aquela barata e queria que fosse a mais breve possível! fui atrás dela com calma e então taquei o sapato mais uma vez, ela escapou e andou mais um pouco, por todo o corredor que sai do meu quarto até o escritório, como uma via crucis e eu era a que apedrejava, sem querer cumprindo o meu papel. e de novo taco o sapato e ela escapa, não soube esmagá-la com o sapato na mão, seria muito nojento, escutei o barulho dela se quebrando toda molhada com sua massa de dentro indo pra fora, não! ela parou e ficou, acho que quis se fingir de morta, elas são muitos mais espertas do que eu pensava, e a própria G.H. não tivera a chance de perceber isso. taquei de novo somente pra imobilizá- la e ganhar tempo de pegar o inseticida. esse foi um jogo sujo entre nós e era a única maneira de eu me livrar dela e ela de se salvar. corri e voltei implacável dando muitos tiros e ela resistente de barriga pra cima ao lado do sapato derrotado tb com a sola pro alto, ela me lembrou o Gregor Sansa quando acorda e não consegue sair da cama esperniando as patas, lutando pela vida. ela então se vingou de mim nessa hora, pois era de um horror quase insuportável o que aquele movimento desesperado causou em mim, eu toda contorcida junto com ela, arrepiada e dramática, acompanhei os momentos finais da barata que relutava e eu era a única a ter esperança de que ela ia sim morrer. uma agonia, eu tive pena e nojo, que coisa! lentamente ela foi perdendo a força e então nem tive mais coragem pra nada, já era suficiente pra mim! todos aqueles sustos e o que vem depois... deixei ela lá como se pudesse se desmaterializar, não toquei, nem pensei em tocar. quase embarquei na mesma viagem de G.H. ao deserto e ao inferno, mas ela me avisou de tudo, e me guiou como uma memória minha, de coisa que eu mesma aprendi sozinha na vida e então soube como viver melhor o que me acontecia de novo.
domingo, 12 de abril de 2009
AAAAAHHHHHH! RRRKKKKKK!
receita
conceito
gerar
geração
geração coca- cola
geração
sem ação
nossos corpos querem pulsar
sem gerar
neutros sem poder de decisão
neutros complexos de nervos
arrepia a nuca pensar
e a permissão pra matar
a angústia
a náusea da vida?
me acuda
me segura
me ajuda
me iluda
ai que loucura!
remédios esconderijos
relógios algozes, regozijos
pensaresentimentos perdidos
interrompam interruptores, AGORA!
Ficha:
27 andares
624 apartamentos
fica na Av. do Estado, Centro de São Paulo
seus vizinhos: Mercado Municipal, Parque Dom Pedro II e mais um edifício em fase terminal, o Mercúrio
sem elevador desde 1990
desocupado em 2004 quando abrigava cerca de 3 mil pessoas e muitas histórias sinistras
2009 ainda aguardando a data da sua execução
quinta-feira, 9 de abril de 2009
edifício morto
defunto de concreto
alma penada da grande cidade acelerada
cemitério de sonhos
quantas salas sem famílias nem mobílias
quantos os andares
promessas de lares
e quando subo meu olhar por toda sua estrutura crua
sinto a dor da morte em plena rua
nuas as janelas sem vida, quadradas
quebradas, tortas, estilhaçadas
esquecidas que lindas!
coloridas, pichadas, detonadas
casinhas de boneca sem cabeça
de longe tão pequenas todas tantas
como um monstro gigante abatido e que não sangra mais
e era cinza e não vermelho o que saía dele
com centenas de patas umas em cima das outras
queria antes ser como uma espécie de colo mais que materno
um abraço de Deus protegendo seus fiéis pagadores de promessas furadas
acabou!
vai ser varrido do meio do passeio público
num domingo
enquanto comem bacalhau os que podem
nada mau!
mas vai indo esse quadro surrealista paulista
um sonho
pesadelo
mas nunca real
tenho pena
mas vai ser uma morte grandiosa!
a morte do morto
o enterro do pó
e finalmente a paz das coisas apagadas da história
o silêncio e o vazio, nem eco nem sombra
ele vai para a dimensão dos vultos
como os velhos filmes mudos que imortalizam pessoas que sumiram do mapa
alguém lembre de tirar uma foto ou se preferir um desenho
ele não pôde ter filhos
seu nome não se sabe
pois com tanta pompa de desordem
seus apelidos se muliplicaram
a carcaça é o que o representa
e só quem viveu nas suas entranhas proibidas
conhece mais do que o espetáculo visual que se tornou
vindo de todos os tempos, não tem mais pra onde ir
interrompendo suas passagens e paisagens por aqui de anos de degradação
com o fim vai para a memória, lugar de onde nunca mais pode voltar
quarta-feira, 8 de abril de 2009
nas rochas gravado
nem vento nem água
mas manto de fios de aço
e só toco quando mesmo no silêncio te escuto
claro e preciso vem
por debaixo e além
mesmo desafinado
o que é raro
o Deus que é homem também
atravessa os limites do espaço
imagino que se fosse pra mim
também não seria daqui
queimando as maos de tanto tentar o fogo
e nao me aquecer
ainda tateio
e tento o toque